domingo, junho 27, 2010

E ainda há quem negue que a RC”C” é porta de saída da Igreja

Fonte: Pacientes na Tribulação

Encontrar vídeos de Pe. Joãozinho cheios de absurdos foi mais fácil do que eu imaginava. Demorou mais para transcrever as falas, e também por motivos alheios à minha vontade. O conteúdo do vídeo é tão contrário à doutrina católica que eu espero que sirva para abrir os olhos daqueles que ainda acreditam que a RC”C” é um movimento católico. Vamos ao vídeo:

A seguir a transcrição de alguns trechos e nossos comentários.

(1:02) e graças a Deus, em algumas igrejas evangélicas, boa parte destes católicos (Fábio de Melo: se encontram, são felizes) sim, estão se tornando evangélicos e evangelizados. Só que o bom católico também é evangélico, porque também crê no Evangelho.

Joãozinho e Fábio de Melo ficam felizes com os católicos que partem para fora da Igreja! Eles “se encontram, são felizes”… fora da Igreja! E Joãozinho ainda afirma que lá eles são evangelizados.

Estamos só começando. Aguentem firme.

(1:28) entrei no taxi, assim do jeito que eu estou aqui, com a camisa de padre, né, clergyman. Aí o taxista olhou para mim e disse assim: Eu sou evangélico. Aí eu olhei para ele e respondi: Eu também. Aí ele olhou para mim com colarinho de padre. Mas eu sou da Assembléia de Deus. Aí eu falei: eu também. Aí ele não estava entendendo nada daquilo e falou: mas, meu senhor, eu sou crente. Eu falei: eu também.

(2:20) ele estava assim, vestido de padre

(2:27) taxista protestante pergunta: o senhor conhece Jesus Cristo?

“Ele estava assim, vestido de padre”. Como poderia alguém estar vestido de terno, ou de qualquer outra roupa… Na verdade ele nem estava vestido como um padre deveria estar, ou seja, de batina.

E percebam o tom com que o taxista se dirigiu para ele. Os pentecostais não suportam a Igreja Católica. Chegam a nos perguntar “você conhece Jesus Cristo?”, insinuando que nós, católicos, não O conhecemos. E ainda assim os carismáticos não poupam elogios a eles. Jonas Abib chegou a chamá-los de “lindos e santos”.

E pior é que não é a primeira vez que ele se diz evangélico. Em sua canção, “sou feliz por ser católico”, eis o que Joãozinho escreveu (o desteque é meu):

Eu sou feliz por ser católico

Não tenho medo de dizer

Sou evangélico, batista, protestante

Eu sou artista

Levo Cristo todo a todo irmão

E no meu coração

http://blog.cancaonova.com/padrejoaozinho/2010/03/26/resposta-a-um-comentario-feliz-por-ser-catolico

Um relativismo terrível. E a explicação que ele deu ao leitor no blog dele somente confirma o quanto ele é relativista.

Continuando o vídeo:

(2:38) Joãozinho: nunca perca a oportunidade de ouvir alguém falar de Jesus para você

Fábio: lindo isso, né.

Joãzinho: muito bonito. E humilde também

Fábio: dando a oportunidade para que o taxista o evangelizasse também

Por que será que eles não param para ouvir os católicos tradicionais falarem de Jesus? Por que somente aqueles que são fiéis à dois mil anos de Tradição não podem ter a oportunidade de os evangelizar também? Ora, se eles consideram que podem ser evangelizados por quem está fora da Igreja, que nega todos os concílios dogmáticos, toda a autoridade do papa, etc, porque não aceitar aqueles que têm reservas quanto aos pontos questionáveis das autoridades eclesiásticas recentes? Caro leitor, será que é tão difícil encontrar a resposta para estas perguntas?

Estamos apenas na metade do vídeo.

(4:56) Fábio: eu já confessei aqui que tem um evangélica lá do interior da Bahia, que tem uma importância tão grande no meu processo hoje em dia, pelo e-mail que eu recebo dela, pela palavra acertada que às vezes ela me diz, sabe? a reflexão que faz do contexto da minha vida.

(5:17) Joãozinho: tem muito evangélico que assiste o programa direção espiritual.

Fábio: graças a Deus!

Fábio: (…) Eu sou pastor da igreja tal, mas a minha família te ama, e a gente gostaria de tirar uma foto com o senhor

Quem já viu algum protestante procurar um padre de batina para tirar foto com ele? Um padre que pregue toda a doutrina da Igreja, sem falha alguma? Que pregue a presença real de Nosso Senhor no Santíssimo Sacramento? Que não seja relativista?

Quanto tempo ainda será necessário para que este pessoal que segue a RC”C” se dê conta de que ela é protestantismo infiltrado na Igreja? Tudo o que ela ensina e faz é protestantismo pentecostal. É por isso que eles trocam tantos elogios entre si. Carismático elogia protestante. Protestante elogia carismático. Ambos atacam os católicos tradicionais. O que falta ainda para “cair a ficha”? Um quebra-cabeça de mil e quinhentas peças poderia levar muito tempo para ser montado, mas um que somente tem quatro peças não leva tanto tempo assim.

Continua o vídeo:

(5:57) Joãozinho: neste disco aqui, em nenhum momento me passou pela cabeça não ser ecumênico.

Chega de relativismo? Ainda não, ainda tem muito mais:

Joãozinho: (…) batista, eu falo do batista, e digo que eu sou batista, e tenho uma prima batista e que me ensina coisas sobre o batismo, porque ela vive o batismo como um carisma especial de sua igreja. Então alguém vai perguntar: então católico tem alguma coisa a aprender com evangélico? Claro que tem! Claro que tem! Provavelmente os batistas sabem mais sobre batismo do que a maioria dos católicos. E vou dizer mais: evangélico sabe mais de Bíblia do que a maioria dos católicos. O papa João Paulo II foi mais longe. Ele escreveu um livro chamado “cruzando o limiar da esperança”, onde ele fala o que o católico, cristão, aprende com os muçulmanos, os budistas, o islamismo. Isto não tem nada a ver com nova era.

Quando eu falo assim que eu sou evangélico, é porque eu aprendo muito com os evangélicos, mas eu não quero ser apenas evangélico, porque ser católico é ser evangélico e um pouco mais.

O pior de tudo é que o “cara” que disse isto se orgulha de ter doutorado em teologia e esnoba e não quer nem debater com aqueles que não têm. Ora, os batistas (que, aliás, são uma das seitas mais anti-católicas que existem, eu já tive a oportunidade de verificar isto pessoalmente) têm muito a nos ensinar sobre o batismo? Ora, não são eles que ensinam que somente se deve batizar por imersão? E, se eu não estiver enganado, eles não dizem que somente os adultos devem ser batizados? Se nós devemos aprender com eles, então o que a Igreja ensinou por dois mil anos está errado! Parabéns, “doutor” Joãozinho! Esta é a conclusão óbvia, muito óbvia, das suas palavras. Palavras do mesmo sujeito que deseja o fim da Montfort.

E já que estamos falando de batismo, podemos lembrar as idéias nada ortodoxas que o Joãozinho já expressou sobre o mesmo, e que nós já comentamos aqui. Lembram-se de que ele disse que nós não somos “batizados” mas sim “batizandos”, e que o batismo é um processo que dura a vida inteira?

(7:27) Fábio: eu experimentei um pouco disso, uma época na minha vida, quando eu falei, aqui no programa, do bem que o ministério da Ana Paula Valadão faz nos católicos. Então foi tão interessante a gente receber o retorno dos evangélicos que dizem o mesmo também: Padre, obrigado por o senhor reconhecer, num canal católico, que o evangélico faz bem ao Brasil. Porque às vezes a gente corre o risco de criar aquele discurso de que nós somos os melhores, nós estamos com a verdade.

Precisa comentar? Este padre simplesmente não acredita que a Igreja possua a verdade revelada por Cristo. Ele usa a palavra “nós” de maneira muito equívoca. Ele passa a impressão de que se trata apenas de dois grupos de pessoas com idéias diferentes. O termo “nós” seria o grupo de pessoas a que pertencemos. E seria absurdo que um grupo se achasse melhor do que o outro. Ora, é muito fácil desmonstar a falácia que nos apresentou Fábio de Melo. Cristo fundou a Igreja e dotou-a de um Magistério infalível, que deverá ensinar sem falhas Sua doutrina a todos os homens, até o final dos tempos. Assim, o grupo de pessoas a quem se refere o “nós” não está em igualdade de condições com o outro. Pois os católicos são aqueles que seguem o ensinamento da Igreja que Cristo fundou. Então, não somos “nós”, um simples grupo de pessoas, que estamos sempre certos e os outros errados. Quem está com a Verdade é a Igreja, porque é Cristo quem lha comunicou. E, somente por sermos fiéis aos ensinamentos da Igreja, é que estamos certos. Os outros grupos são aqueles que não dão ouvidos ao que ensina a Igreja de Cristo. Não há razão nenhuma, portanto, para o relativismo proposto pelo padre carismático. E, assim, abandonar a Verdade ensinada pela Igreja não é sinal de humildade, mas sim de apostasia.

É possível piorar o nível? É, infelizmente, é sim. Logo na continuação, ouvimos:

Joãozinho: existe idolatria em alguns católicos. Não na Igreja Católica, mas em alguns católicos.

A quem será que eles estavam se referindo? Claro aos católicos que não abandonam os dogmas e o magistério infalível da Igreja. Estes são fanáticos, ultrapassados, “idolatram” um Igreja antiga…

Entenderam qual é a lógica destes dois padres moderninhos? Aprendem com os protestantes, orgulham-se disto, e ainda chamam de idolatria a fidelidade dos católicos que se mantêm com toda firmeza apegados ao que a Igreja sempre ensinou.

Com toda sinceridade, alguém consegue assistir a este vídeo e não perceber que a RC”C” é a porta de saída da Igreja em direção ao protestantismo? Serenamente refletindo, é impossível não entender que o discurso da RC”C” é motivo fortíssimo para o relativismo dos fiéis e a sua passagem para as seitas. Somente não admite isto quem está enfeitiçado pela RC”C”.

Ao carismático de boa fé que está lendo este artigo, eu convido a refletir. Pois já está mais que evidente que a RC”C” é a porta de saída da Igreja na direção do protestantismo. E os que não saem oficialmente, já vivem como protestantes, apenas com o rótulo de católicos. Reflitam, analisem com calma a situação, analisem as atitudes e as idéias destes padres modernos. É o convite que eu faço.

domingo, junho 20, 2010

A Emancipação da Domesticidade

G.K. Chesterton

Nota: Este é o Capítulo III do livro “O que está errado com o mundo” que Chesterton publicou em 1910. Expressa a sua visão da importância da mulher no esquema geral da sociedade humana, numa época em que ela estava se emancipando de suas funções naturais para assumir as funções que a modernidade estava exigindo. Este tema será retomado em outro livro de Chesterton publicado em 1929, “A Coisa”.

E deve ser observado, de passagem, que esta exigência para que o homem desenvolva apenas uma habilidade não tem nada a ver com o que é comumente chamado nosso sistema competitivo, mas existiria igualmente sob qualquer tipo racionalmente concebido de coletivismo. A menos que os socialistas estejam totalmente preparados para uma queda no padrão de seus violinos, telescópios e lâmpadas elétricas, eles devem de alguma forma criar uma demanda moral sobre os indivíduos de maneira que eles mantenham a atual concentração em tais coisas. Foi apenas porque os homens se tornaram, em algum grau, especialistas é que surgiram os telescópios; eles devem ser, em algum grau, especialistas para continuarem a construí-los. Não é fazendo um homem ser um assalariado estatal que se possa impedi-lo de pensar principalmente sobre como é difícil ganhar seu salário. Há apenas uma maneira de preservar no mundo aquela superior leveza e aquela serena perspectiva contidas na antiga visão de universalismo. E esta é permitir a existência de uma metade da humanidade parcialmente protegida; uma metade a que o assédio da demanda industrial inquieta, mas inquieta apenas indiretamente. Em outras palavras, há de haver em cada centro da humanidade um ser humano preocupado com um plano mais amplo; um ser humano que não “dê o seu melhor”, mas que se dê integralmente.

Nossa antiga analogia do fogo continua sendo a mais viável. O fogo não precisa resplandecer como a eletricidade nem se agitar como a água fervente; a questão é que ele resplandece mais que a água e aquece mais que a luz. A esposa é como o fogo, ou para colocar as coisas na perspectiva adequada, o fogo é como a esposa. Como o fogo, espera-se que a mulher cozinhe; não de forma excelente, mas cozinhe; que cozinhe melhor que seu marido, que está conseguindo a lenha lecionando botânica ou quebrando pedras. Como o fogo, espera-se que a mulher conte histórias para seus filhos, não histórias originais e artísticas, mas histórias – histórias melhores do que as possivelmente contadas pelos cozinheiros de primeira classe. Como o fogo, espera-se que a mulher ilumine e esclareça, não pelas mais espantosas revelações ou as mais selvagens agitações do pensamento, mas melhor que um homem pode fazer depois de quebrar pedras ou lecionar. Mas não se pode esperar que ela suporte tal responsabilidade universal se for suportar também a crueldade do trabalho competitivo e burocrático. A mulher deve ser uma cozinheira, mas não uma cozinheira competitiva; uma decoradora, mas não uma decoradora competitiva, uma costureira, mas não uma costureira competitiva. Ela não deve ter nenhum negócio, mas vinte hobbies; ela, ao contrário do homem, deve desenvolver tudo que faz sem se preocupar em atingir a perfeição. Isto é o que foi sempre buscado a princípio no que é chamado reclusão, ou mesmo opressão, da mulher. As mulheres não foram mantidas em casa para que fossem limitadas, foram mantidas em casa para que fossem amplas. O mundo do lado de fora é uma massa de limitações, um labirinto de caminhos estreitos, um hospício de monomaníacos. Foi por esta parcial limitação e proteção da mulher que ela era capaz de desempenhar-se em cinco ou seis profissões e assim se aproximar tanto de Deus quanto a criança que brinca de ter cem profissões. Mas as profissões da mulher, ao contrário das da criança, eram todas verdadeira e, quase, terrivelmente frutíferas; tão tragicamente reais que nada exceto sua universalidade e equilíbrio impediam que elas se tornassem meramente mórbidas. Esta é a substância da alegação que ofereço sobre o papel histórico da mulher. Não nego que as mulheres foram ofendidas ou mesmo torturadas; mas duvido que elas tenham sido torturadas tanto quanto o são agora pela moderna tentativa absurda de fazê-las ao mesmo tempo rainhas do lar e funcionárias competitivas. Não nego que mesmo sob a antiga tradição, as mulheres tivessem vidas mais difíceis que a dos homens; esta é a razão porque tiramos nossos chapéus. Não nego que todas essas várias funções femininas fossem exasperantes; mas digo que havia algum objetivo e significado em mantê-las variadas. Não tento nem mesmo negar que a mulher fosse uma criada; mas pelo menos era a criada principal.

A forma mais breve de resumir a questão é dizer que a mulher é a responsável pela idéia da Sanidade; aquele lar intelectual para o qual a mente retorna depois de cada excursão pela extravagância. A mente que se dirige a lugares extravagantes é a do poeta; mas a mente que não retorna é a do lunático. Deve haver em cada máquina uma parte que move e uma parte imóvel; deve haver em tudo que muda uma parte imutável. E muitos dos fenômenos que os modernos apressadamente condenam são realmente partes dessa posição da mulher como centro e pilar da saúde. Muito do que é chamada sua subserviência, e mesmo sua docilidade, é meramente a subserviência e docilidade de um remédio universal; ela varia como um remédio varia, conforme a doença. Ela tem de ser uma otimista para um marido mórbido, uma pessimista salutar para um marido excessivamente otimista. Ele tem de impedir que o Quixote seja abusado pelos outros, e que o valentão abuse dos outros. O Rei da França escreveu

“Toujours femme varie Bien fol qui s'y fie”

mas a verdade é que a mulher sempre varia, e esta é a razão de sempre confiarmos nela. Corrigir cada aventura e extravagância com seu antídoto, usando o senso comum, não é (como os modernos parecem pensar) estar na posição de um espião ou de um escravo. É estar na posição de Aristóteles ou (no nível mais baixo) de Herbert Spencer, ser uma moral universal, um completo sistema de pensamento. O escravo lisonjeia; o moralista repreende. É ser, em resumo, um trimmer[1] no verdadeiro sentido deste honroso termo, que por alguma razão, é sempre usado no sentido oposto. Parece realmente que consideram um trimmer uma pessoa covarde que sempre escolhe o lado mais forte. Mas este termo significa realmente uma pessoa altamente cavalheiresca que sempre escolhe o lado mais fraco; como aquele que equilibra a carga de um barco sentando-se onde há poucas pessoas sentadas. A mulher é um trimmer, e isso é uma função generosa, perigosa e romântica.

Um fato final que determina isso é de natureza muito simples. Supondo que a humanidade agiu de forma não artificial dividindo-se em duas metades, respectivamente tipificando os ideais de talento especial e sanidade geral (uma vez que eles são genuinamente difíceis de combinar completamente em uma única mente), não é difícil ver porque a linha de clivagem seguiu a linha do sexo, ou porque a fêmea tornou-se o emblema do universal e o macho do especial e superior. Dois fatos gigantes da natureza demonstraram isso: primeiro, que a mulher que freqüentemente cumprisse literalmente suas funções não poderia ser especialmente proeminente no experimento e na aventura; e segundo, que a mesma operação natural a rodeava de crianças muito jovens, que exigiam não o ensino de alguma coisa, mas o ensino de todas as coisas. Bebês não precisam aprender uma profissão, mas precisam que se lhe apresentem um mundo. Para resumir, a mulher é geralmente encerrada numa casa com um ser humano numa época em que ele pergunta todas as questões que existem e algumas que não existem. Seria estranho que ela retivesse qualquer traço da estreiteza de um especialista. Ora, se alguém diz que essa tarefa de esclarecimento geral (mesmo quando livre dos horários e das regras modernas, e exercido espontaneamente por uma pessoa mais protegida) é em si excessivamente exigente e opressiva, consigo entender esse ponto de vista. Posso apenas responder que nossa raça considerou que vale a pena colocar este peso sobre a mulher a fim de manter o senso comum no mundo. Mas quando as pessoas começam a falar sobre esse trabalho doméstico como não simplesmente difícil, mas trivial e monótono, eu simplesmente desisto da discussão. Pois, eu não consigo, com o máximo poder de imaginação, entender a respeito do que estão falando. Quando a domesticidade, por exemplo, é chamada de lida penosa, toda a dificuldade surge do duplo sentido da expressão. Se penosa significar trabalho duro, admito que a mulher labute em casa, como o homem pode labutar na Catedral de Amiens ou atrás de um canhão em Trafalgar. Mas se penosa significar que o trabalho duro é mais pesado porque é insignificante, sem graça e sem importância para a alma, então, como disse, eu desisto; não sei o que as palavras significam. Ser a Rainha Elizabete dentro de uma área definida, decidindo salários, banquetes, tarefas e feriados; ser Whiteley[2] dentro de certa área, suprindo brinquedos, sapatos, bolos e livros; ser um Aristóteles dentro de certa área, ensinando moral, boas maneiras, teologia e higiene; posso entender como isso pode exaurir uma mente, mas não posso imaginar como pode estreitá-la. Como pode ser uma larga carreira ensinar a Regra de Três a crianças dos outros, e uma estreita carreira ensinar à sua própria criança sobre o universo? Como pode ser amplo ensinar a mesma coisa a todo mundo, e estreito ensinar tudo a alguém? Não; a função de uma mulher é trabalhosa, mas porque é gigantesca, não porque é minúscula. Tenho pena da Sra. Jones pela enormidade da sua tarefa, não pela sua pequenez.

Mas embora a tarefa essencial da mulher seja a universalidade, isso não a impede, claro, de ter um ou dois fortes, mas grandemente saudáveis, preconceitos. Ela tem sido, em geral, mais consciente do que o homem de que ela é apenas uma das metades da humanidade; mas ela tem expressado isso (se alguém pode dizer isso de uma senhora) agarrando com unhas e dentes duas ou três coisas que considera ser suas responsabilidades. Eu observaria aqui, entre parêntesis, que muito do recente problema oficial sobre a mulher surgiu do fato de que elas transferem para as coisas da razão e da dúvida aquela sagrada obstinação apenas apropriada às coisas primárias que foram confiadas à guarda da mulher. O próprio filho, o próprio altar, deve ser uma questão de princípio – ou se se preferir, uma questão de preconceito. Por outro lado, a dúvida sobre quem escreveu as Cartas de Junius[3] não deve ser uma questão de princípio ou preconceito, deve ser uma questão de investigação livre e quase indiferença. Mas tome uma garota moderna e cheia de vida, secretária de uma associação e dê-lha a função de mostrar que George III escreveu tais cartas, e em três meses ela acreditará nisso também, por mera lealdade a seus empregadores. As mulheres modernas defendem seu escritório com toda a ferocidade da domesticidade. Elas lutam pela mesa e pela máquina de escrever como pelo lar, e desenvolvem um tipo de selvagem atitude doméstica para com o chefe invisível da empresa. Esta é a razão de elas fazerem o trabalho de escritório tão bem feito; e esta é a razão porque elas não devem fazê-lo.


[1] Trimmer tem dois significados principais: estivador (aquele que equilibra a carga das embarcações) e oportunista. Chesterton brinca com estes dois significados. (N. do T.)

[2][2] Grande loja de departamentos da Londres de Chesterton. (N. do T.)

[3] Junius era o pseudônimo de um indivíduo, cuja a identidade é desconhecido, que escreveu uma série de cartas para um jornal londrino, Public Advertiser, entre 21 de janeiro de 1769 e 21 de janeiro de 1772. De eminentemente político, tiveram grande repercussão no reinado de George III. (N. do T.)

Fonte: Blog do Angueth

sábado, junho 19, 2010

O Último Cume

Fonte: http://www.padredemetrio.com.br/2010/05/o-ultimo-cume/

Na Espanha - sim, na Espanha laicista de Zapatero - o cineasta Juan Manuel Cotelo resolveu rodar um documentário sobre a vida do sacerdote Pablo Domínguez, um homem com seus quarenta e dois anos, que segundo La Cigueña de La Torre, era o sacerdote mais promissor de seu país: “inteligente, brilhante, simpático, de personalidade transbordante, e, sobretudo, bom”. Um intelectual, a quem esperavam ver logo com uma mitra na cabeça, falecido recentemente em um trágico acidente de montanha.

O que impressiona no filme - além do testemunho do sacerdote - é a coragem do cineasta para realizar uma obra dessas, justamente em um período no qual parece estar tão em baixa a credibilidade dos sacerdotes.

No início do filme, diz Cotelo: “Os especialistas me disseram claramente: ‘Se hoje crucifico a um sacerdote em público, vou ter êxito, e vão dar-me importantes prêmios’. Se, ao contrário, falo bem de um padre, vão crucificar-me”.

Segue dizendo: ”Não é pederasta, nem mulherengo, nem ladrão, tampouco é exorcista, não é missionário na selva, não é fundador de uma nova instituição da Igreja, não é nem sequer pároco”. E, seguindo ACIdigital: ”o desafio é contar a história de um sacerdote bondoso que impactou muita gente, e a cujo funeral acudiram umas três mil pessoas e mais de 20 bispos”. “Tivesse-me encantado encontrar algo mal em Pablo. Eu o haveria incluído no documentário, mas é que não existe. Seu confessor me disse que, simplesmente, era alguém muito bom, com uma alma de menino”.

Assista aqui aos primeiros cinco minutos do filme, realmente muito instigante:

O filme estreará no próximo quatro de junho em Madrid. Tenho muita vontade de vê-lo!

Mais informações aqui: www.laultimacima.com

quarta-feira, junho 16, 2010

Cardeal Pell é vítima de uma campanha de difamação destinada a impedi-lo reformar os bispos do mundo

fonte: Holy Smoke (Damian Thompson)-Tradução minha, eventualmente recorra ao original.

Eu escrevi isto com alguma urgência. Na semana passada, fontes católicas têm insistido que o cardeal George Pell, arcebispo de Sydney, não vai aceitar sua nomeação como prefeito da Congregação para os Bispos. Duas razões são dadas - uma ligada à sua saúde, e outra às alegações totalmente falsas de abuso sexual que ele enfrentou anos atrás.

Tenho uma boa razão para acreditar que o Cardeal Pell - um homem de presença imponente e intelecto, absolutamente fiel à visão do Papa Bento XVI para a renovação da Igreja - é vítima de uma campanha difamatória aprovada por
determinadosbispos, especialmente italianos, que estão desesperados para parar a limpeza que Pell levará a efeito nos "burgos podres" de suas dioceses. Devemos orar para que o Santo Padre ignore esta campanha.

Razão número um: Pell está "com a saúde debilitada". Verdade, ele tem um marca-passo. Fora isto, ele está razoavelmente em boa forma - certamente bem o suficiente para assumir seu cargo. E ele é mais saudável do que muitos de seus críticos, mais idosos, que permanecem sentados em suas dioceses procurando não fazer absolutamente nada que possa perturbar a sua vida pacata.

Reason number two: Cardinal Pell is tainted by sex abuse allegations.

Razão número dois: o Cardeal Pell esta marcado por alegações de abuso sexual. Isto é lixo. O jornal The Age, na Austrália apresenta esse relatório muito revelador :

O cardeal George Pell, cuja promoção para um cargo importante no Vaticano era esperada para este mês, foi rejeitada devido a antigas alegações de abuso sexual contra ele, de acordo com fontes bem informadas, em Roma.

Cardeal Pell renunciou ao cargo de arcebispo de Sydney, em 2002, depois que ele foi acusado de abusar de uma adolescente em um acampamento da igreja nos anos 1960, mas uma investigação independente levada a cabo por um juiz aposentado não-católicos o absolveu.

Observadores do Vaticano dizem agora que importantes funcionários trabalharam para minar o cardeal Pell como o próximo chefe da Congregação dos Bispos, em parte por preocupações sobre a publicidade negativa sobre as alegações de abuso e, em parte por razões políticas internas, incluindo o desejo de que um italiano assumisse o cargo.

Mas esses funcionários não estão realmente preocupados com a "publicidade negativa" sobre as alegações são comprovadamente mentiras: eles estão explorando essas mentiras para se proteger. Minha pergunta: Qual a verdadeira razão para esta campanha de propaganda negativa? Desde a eleição de Bento XVI nenhuma indicação horrorizou tanto os soberbos, preguiçosos e liberais estabelecidos no Vaticano e dioceses. Isso porque o Cardeal Pell tem conhecimento detalhado da situação não só na Itália, onde muitos bispos, ganharam suas posições, agindo como os parlamentares britânicos de antes da Lei da Reforma de 1832, assim como na América Latina e Ásia.

A mensagem do Cardeal Pell aos bispos seria: "Desculpem, Senhores, mas esta não é uma tarefa vitalícia. Você deve apresentar o dinamismo evangélico e obediência ao Santo Padre - e, se você não fizer isso, então há sacerdotes santos pronto para assumir seu lugar". E por isto estão fazendo esta campanha suja.

quarta-feira, junho 09, 2010

Nota de Falecimento

Faleceu hoje o Prof. Orlando Fedeli, Presidente da Associação Cultural Montfort.

1
Ce qui Te reste,
ce qu' on refuse,
donnes-moi (z) en partage
combats et courage,
ô mon Dieu.
2
Ce qu'on rejette,
ce qu'on n'acèpte,
donnes moi (z) en partage
ta croix et courage
d' la porter
3
Que je sois sûr
de vivre à souffrir,
pour défendre la Foi,
pour ton amour mourrir,
ô mon Dieu.
4
Que je sois sûr
de vivre en danger,
d'embrasser ta croix,
et dans ta paix mourrir,
ô mon Dieu.
5
Non pas douceur,
non les honneurs,
donnes-moi (z) en partage,
amers outrages,
des menteurs.
6
Non pas sucès,
non être aimé,
donnes-moi (z) en partage
la haine et la rage
des mauvais.

7
À moi, mon Dieu,
la croix du mépris,
que je reste tout seul
dans le plus grand oubli,
ô mon Dieu.
8
À moi Seigneur,
la gloire d'être haï
d'embrasser ta croix
et dans ta paix mourir,
ô mon Dieu.
9
Moi, je ne veux
ni paix, ni l'or,
donnes-moi (z) en partage
la guerre et l 'orage
ô mon Dieu.
10
Je te demande
d'un jet ta croix,
car je n'ai le courage
de deux fois
la demander.
11
Que je sois sûr
qu'elle soit mon trésor,
d' embrasser ta croix,
Avec ardent amour
sans retour.
12
Que je sois sûr
d'avoir le plus dur,
d'embrasser ta croix
et dans ta paix mourrir,
ô mon Dieu.
1
O que Te resta,
o que se recusa,
daí-me em partilha,
combates e coragem,
oh meu Deus.
2
O que se recusa,
o que não se aceita,
daí-me em partilha,
tua cruz e coragem,
para carregá-la.
3
Que eu esteja seguro,
de viver para sofrer,
por defender a Fé,
por teu amor morrer,
oh meu Deus.
4
Que eu esteja seguro,
de viver em perigo,
de abraçar tua cruz,
e em tua paz morrer,
oh meu Deus.
5
Não doçuras,
não as honras,
daí-me em partilha,
amargos ultrajes,
dos mentirosos.
6
Não sucesso,
não ser amado,
daí-me em partilha,
o ódio e a raiva,
dos maus.

7
A mim, meu Deus,
a cruz do desprezo,
que eu fique sozinho,
no maior esquecimento,
oh meu Deus.
8
A mim, Senhor,
a glória de ser odiado,
de abraçar tua cruz,
e em tua paz morrer,
oh meu Deus.
9
Eu, eu não quero,
nem paz nem ouro,
daí-me em partilha,
a guerra e a tempestade,
oh meu Deus.
10
Eu te peço,
de uma só vez tua cruz,
por que eu não tenho a coragem
de duas pedi-la vezes,
oh meu Deus.
11
Que eu esteja seguro,
que ela seja meu tesouro,
de abraçar tua cruz,
com ardente amor,
sem retorno.
12
Que eu esteja seguro,
de ter o que é mais duro,
de abraçar tua cruz,
e em tua paz morrer,
oh meu Deus

Adaptação da "Prière du Partage" de André Zirnheld, paraquedista da França Livre, morto em 1942, à marcha dos arqueiros de Robert Bruce, Rei da Escócia, que foi tocada na entrada de santa Joana d'Arc em Orléans, em 1429
São Paulo, 19 / 11 / 1995
Orlando Fedeli


Assim é que me recordarei dele!
Que sua alma descanse em Paz!