sábado, dezembro 17, 2005

Pastoralidade (Parte II)

Vale a pena desenvolver um pouco as quatro linhas do tridentino, para melhor conceituarmos as três entidades apontadas como inimigas da Igreja e da alma.

Comecemos pelo fim. O que é o Diabo?

Nós sabemos que entre os vários níveis de ser que compõem a Criação, existem os seres espirituais desligados de qualquer matéria e subsistentes como substâncias espirituais dotadas de inteligência e vontade. E sabemos também que na origem trágica e explosiva desta “primeira criação” houve uma Revolução nascida do orgulho das criaturas angélicas tiradas do nada e capitaneada por Lúcifer, que, precipitado nas trevas tornou-se o principal inimigo da “segunda criação”, isto é, da restauração de tudo na suprema e eterna novidade que é o Verbo Incarnado. É esse inimigo que, sob a forma da serpente, “dialoga” com Eva que se torna intercessora do pecado de Adão. E é esse mesmo inimigo que tentou seduzir Jesus, nos quarenta dias do deserto.
Quando na Missa recitamos o Credo, e dizemos: “Creio em um só Deus, Pai Onipotente, Criador do Céu e da Terra, de todos os seres visíveis e invisíveis”, é nos anjos bons e maus que pensamos e cremos. E é também nesses portentosos seres invisíveis que pensa São Paulo quando diz aos Efesos: “E sobretudo fortificai-vos no Senhor, por seu poder soberano...”. E daqui em diante o apóstolo cativo tira suas imagens da figura do soldado romano a que está preso por uma cadeia: “... Revesti-vos da armadura de Deus para que possais afrontar as ciladas diabólicas: porque não é contra os homens de carne e sangue que devemos lutar, mas contra os principados e potestades do mundo das trevas, contra as forças do mal espalhadas nos ares. Tomai pois a armadura de Deus para que possais resistir nos dias maus e ficar firmes no cumprimento de vosso dever. Sim. Firmai-vos, com os rins cingidos pela verdade, o peito couraçado pela justiça e os pés calçados do zelo de anunciar o Evangelho da paz. E sobretudo agarrai-vos ao escudo da Fé, no qual morrerão e se embotarão todas as flechas inflamadas do Maligno. Tomai enfim o capacete da salvação e o gládio do Espírito que é a Palavra de Deus” (Ef. VI, 12).
Gustavo Corção(Permanência)

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