segunda-feira, dezembro 29, 2008

1 - A dignidade do Padre - P.V

O alto posto ocupado pelo padre

A excelência da dignidade sacerdotal mede-se também pelo alto posto que o padre ocupa. No sínodo de Chartres, celebrado em 1550, é chamado “a morada dos santos” 48. Dá-se aos padres o título de vigários de Jesus Cristo, e assim os chama Sto. Agostinho, porque fazem as suas vezes na terra 49. Tal é também a linguagem empregada por S. Carlos Borromeu no sínodo de Milão: Somos nós os embaixadores de Jesus Cristo; é Deus quem pela nossa boca vos exorta 50. Foi o que o próprio Apóstolo declarou.

Subindo ao Céu, o divino Redentor deixou os sacerdotes para serem na terra os mediadores entre Deus e os homens, particularmente ao altar, como diz S. Lourenço Justiniano: “Deve o padre aproximar-se do altar como o próprio Jesus Cristo” 51. S. Cipriano diz: “O padre ocupa verdadeiramente o lugar e desempenha o ofício do Salvador 52; e S. Crisóstomo: Quando virdes o sacerdote a oferecer o sacrifício, vêde a mão de Jesus Cristo estendida dum modo invisível” 53.


Ocupa também o padre o lugar do Salvador, quando remite os pecados, dizendo: Ego te absolvo. O grande poder que o Padre eterno deu o seu divino Filho, comunica-o Jesus Cristo aos padres, De suo vestiens sacerdotes, segundo a expressão de Tertualiano.

Para perdoar um pecado, é necessário o poder do Altíssimo, como a Igreja o faz ouvir nas suas orações 54.
Tinham pois razão os judeus, quando, ao verem que Jesus Cristo perdoava os pecados ao paralítico, disseram: “Quem senão Deus pode perdoar os pecados?” 55 Mas esta graça que só Deus pode fazer pela sua onipotência, o padre a pode também dispensar por estas palavras: Ego te absolvo a peccatis tuis; porque a forma, ou, se o quiserem, as palavras da forma, pronunciadas pelo padre nos sacramentos, operam imediatamente o que significam.

Qual seria o nosso espanto, se víssemos um homem que, mediante algumas palavras, tinha a virtude de tornar branca a pele dum negro! O padre faz mais, quando diz: Eu te absolvo, — porque no mesmo instante demuda em amigo um inimigo de Deus, e um escravo do inferno num herdeiro do Céu.

O cardeal Hugues põe na boca do Senhor estas palavras, que representa dirigidas a um sacerdote ao absolver um pecador: Eu fiz o céu e a terra, mas dou-te o poder para fazeres uma criação mais nobre e melhor: duma
alma manchada pelo pecado, faze uma alma nova (Faze uma alma nova, quer dizer, faze que uma alma pecadora e escrava de Lúcifer se torne minha filha). Mandei à terra que produza os seus frutos; dou-te um poder melhor, o de produzires frutos nas almas
56.

Privada da graça, é a alma como uma árvore seca, que não pode produzir nenhum fruto; mas, recobrando a graça pelo ministério do padre, produz frutos de vida eterna. Santo Agostinho ajunta que a justificação dum pecador é uma obra maior que a de criar o céu e a terra 57. O Senhor diz a Jó: Tendes vós um braço como o de Deus, e uma voz trovejante como a sua? 58 Ora, quem é que tem um braço semelhante ao de Deus e como Deus faz trovejar a sua voz? É o padre que, dando a absolvição, se serve do braço e da voz do próprio Deus, para livrar do inferno as almas.

Lemos em Sto. Ambrósio que o padre, quando absolve, opera o mesmo que faz o Espírito Santo, quando justifica as almas59. Eis por que o divino Redentor, ao conferir aos padres o poder de absolver, lhes deu o seu Espírito: Soprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo: aqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados, e a quem os retiverdes serlhes-ão retidos 60. Deu-lhes o seu Espírito que santifica as almas, e estabeleceu-os cooperadores seus, conforme a expressão do Apóstolo 61. E S. Gregório ajunta: “Receberam o poder judicial supremo, para em nome de Deus remitirem ou reterem os pecados aos outros” 62. Razão tem pois S. Clemente de chamar ao padre um Deus na terra 63. Davi disse: Veio Deus à assembléia dos deuses 64. Segundo a explicação de Sto. Agostinho, os deuses de que fala são os sacerdotes 65. E eis o que diz Inocêncio III: “Os padres se chamam deuses, por causa da dignidade do seu ofício” 66.

[A Selva - SANTO AFONSO MARIA DE LIGÓRIO]

48. Locus sanctorum.
49. Vos estis Vicarii Christi, qui vicem ejus geritis (Ad Ft in er. s. 36)
50. Dei personam in terris gerentes. — Pro Christo legatione fungimur, tamquam Deoexhortante per nos (2. Cor. 5, 20).
51. Accedat sacerdos ad altaris tribunal ut Christus (Serm. de Euc.).
52. Sacerdos vice Christi vere fungitur (Ep. ad Caeci).
53. Cum videris sacerdotem offerentem consideres Christi manum invisibiliter extensam (Ad pop. Ant. hom. 60).
54. Deus, qui omnipotentiam tuam parcendo maxime et miserando manifestas (Dom. 10 post Pent.).
55. Quis potest dimittere peccata, nisi solus Deus? (Luc. 5, 21)
56. Ego feci coelum et terram, verumtamen meliorem et nobiliorem creationem do tibi: fac novam animam, quae est in peccato. Ego feci ut terra produceret fructus suos; do tibi meliorem creationem, ut anima fructus suos producat.
57. Prorsus majus hoc esse dixerim, quam est coelum et terra, et quaecumque cernuntur in coelo et in terra (In Jo tr. 72).
58. Et si habes brachium sicut Deus, e si voce simili tonas? (Job. 40, 2).
59. Manus Spitus Sancti, officium Sacerdotis.
60. Insufflavit, e dixit eis: Accipite Spiritum Sanctum: quorum remiseritis peccata, remittuntur eis; et quorum retinueritis, retenta sunt (Jo 20, 22).
61. Dei enim sumus adjutores (1. Cor. 3, 9).
62. Principatum superni judicii sortiuntur, ut, vice Dei, quibusdam peccata retineant, quibusdam relaxent (In Evang. hom. 26).
63. Post Deum, terrenus Deus (Const. apost. 1. 2, c. 26).
64. Deus stetit in synagoga deorum (Ps. 81, 1).
65. Dii excelsi, in quorum synagoga Deus deorum stare desiderat (Ad Fr. in er. s. 36).
66. Sacerdotes, propter officii dignitatem, Deorum nomine nuncupantur (Can. Cum ex injucto. De Haeret).

quarta-feira, dezembro 03, 2008

1 - A dignidade do Padre - P.IV

A dignidade do padre excede todas as dignidades criadas

A dignidade sacerdotal é pois neste mundo a mais alta de todas as dignidades, nota Sto. Ambrósio 25. Ela excede, diz S. Bernardo, todas as dignidades dos imperadores e dos anjos 26. Santo Ambrósio ajunta que a dignidade do padre sobreleva à dos reis como o ouro ao chumbo 27. A razão disso, segundo S. João Crisóstomo, é que o poder dos reis só se estendem aos bens temporais e aos corpos, ao passo que o dos padres abrange os bens espirituais e as almas 28. Donde se conclui, em conformidade com o que fica exposto, que o poder ou a dignidade do padre é tão superior à dos príncipes como a alma ao corpo; era o que já tinha dito o Papa S. Clemente 29.

É uma glória para os reis da terra honrar os padres; é isso próprio dum bom príncipe, diz o Papa Marcelo 30. Os reis, diz Pedro de Blois, apressam-se a dobrar o joelho diante do sacerdote, a beijar-te a mão, e a abaixar humildemente a cabeça para receberem a sua bênção 31.

Reconhecem assim a superioridade do sacerdócio, diz S. João Crisóstomo 32. Conta Barónio 33 que Leôncio, bispo de Trípoli, tendo sido chamado à côrte pela imperatriz Eusébia, lhe mandara dizer que, se queria a visita dele, era necessário que primeiro aceitasse as seguintes condições: que à sua chegada a imperatriz desceria do seu trono, viria inclinar a cabeça sob as suas mãos, pedir-lhe e receber dele a bênção; depois ele se assentaria,
e ela só o poderia fazer com permissão sua. Terminava por dizer-lhe que, a não se darem essas condições, jamais poria os pés na sua côrte.

Convidado para a mesa do imperador Máximo, S. Martinho brindou primeiro o seu capelão e só depois o imperador 34. No Concílio de Nicéia, quis Constantino Magno ocupar o último lugar, depois de todos os sacerdotes, num assento menos elevado; e ainda se não quis assentar sem permissão deles 35. O santo rei Boleslau tinha pelos sacerdotes uma tal veneração que não se assentava na presença deles.

A dignidade sacerdotal ultrapassa até a dos anjos, razão por que também estes a veneram 36. Velam os anjos da guarda pelas almas que lhe estão confiadas, de modo que, se elas se encontram em estado de pecado mortal, excitam-nas a recorrer aos sacerdotes, esperando que eles pronunciem a sentença de absolvição; assim fala S. Pedro Damião 37.

Se um moribundo pedir a assistência de S. Miguel, bem poderá, é verdade, este glorioso arcanjo expulsar os demônios que o cercarem, mas não quebrar-lhes as cadeias, se não vier um padre que o absolva. Acabando S. Francisco de Sales de conferir a ordem de presbítero a um digno clérigo, notou à saída que ele trocava algumas palavras com outra pessoa, a quem queria ceder a passo. Interrogado pelo Santo, respondeu ao jovem sacerdote que o Senhor o tinha honrado com a presença visível do seu anjo da guarda.

Este antes da sua elevação ao sacerdócio caminhava à sua direita e precedia-o, mas agora tomava a esquerda e recusava caminhar diante; por isso ele se tinha ficado à porta, numa santa contenda com o anjo. S. Francisco de Assis dizia: “Se eu visse um padre, primeiro ajoelharia diante do padre, e depois diante do anjo 38”.

Mais ainda, o poder do padre excede até o da santíssima Virgem; porque a Mãe de Deus pode pedir por uma alma e obter-lhe quanto quiser pelas suas súplicas, mas não pode absolvê-la da menor falta. Escutemos Inocêncio III: “Embora a santíssima Virgem esteja elevada acima dos apóstolos, não foi contudo a ela, mas a eles que o Senhor confiou as chaves do reino dos céus 39”.

Por outro lado, S. Bernardino de Sena, dirigindo-se a Maria, diz igualmente que Deus elevou o sacerdócio acima dela 40; e eis a razão que dá: Maria concebeu Jesus Cristo uma só vez; o padre pela consagração concebe-o, por assim dizer, quantas vezes quer; de modo que, se a pessoa do Redentor ainda não existisse no mundo, o padre, pronunciando as palavras das consagração, produziria realmente esta pessoa sublime do Homem-Deus.

Daqui esta bela exclamação de Sto. Agostinho: “Ó venerável dignidade a dos sacerdotes, entre cujas mãos o Filho de Deus encarna como encarnou no seio da Virgem! 41”. Por isso S. Bernardo, entre muitos outros, chama aos padres pais de Jesus Cristo 42. De fato, são causa da existência real da pessoa de Jesus Cristo na Hóstia consagrada.

De certo modo, pode o padre dizer-se criador do seu Criador, porque pronunciando as palavras da consagração, cria Jesus Cristo sobre o altar, onde lhe dá o ser sacramental, e o produz como vítima para o oferecer ao Padre eterno. Para criar o mundo, Deus só disse uma palavra: Disse, e tudo foi feito 43; do mesmo modo, basta que o sacerdote diga sobre o pão: Isto é o meu corpo; = Hoc est corpus meum; e eis que o pão deixou de ser pão: é o corpo de Jesus Cristo. S. Bernardino de Sena vê nesta maravilha um poder igual ao que criou o universo 44. E Sto. Agostinho exclama de assombro: “Ó venerável e sagrado poder o das mãos do padre! Ó glorioso ministério! Aquele que me criou a mim, deu-me, se ouso dizê-lo, o poder de o criar a ele; e ele que me criou sem mim, criou-se a si por meio de mim!”45

Assim como a palavra de Deus criou o céu e a terra, assim também, diz S. Jerônimo, as palavras do padre criam Jesus Cristo 46. Tão alta é a dignidade do padre que vai até abençoar sobre o altar o próprio Jesus, como Vítima para oferecer ao Padre eterno. Segundo nota o Pe. Mansi 47, no sacrifício da Missa, Jesus Cristo é considerado como Sacrificador principal e como Vítima: como Sacrificador abençoa o padre; mas, como Vítima, é abençoado pelo padre.

[A Selva - SANTO AFONSO MARIA DE LIGÓRIO]

25. Nihil in hoc saeculo excellentius (De dignit. sac. c. 3).
26. Praetulit vos, sacerdotes, regibus et imperatoribus; praetulit angelis (Serm. ad Pastor. in syn.).
27. Longe erit inferius, quam si plumbum ad auri fulgorem compares (De dignit. sacer. c. 2).
28. Habent principes vinculi potestatem, verum corporum solum; sacerdotes vinculum etiam animarum contingit (De Sacerd. 1. 3).
29. Quanto anima corpore praestantior est, tanto est sacerdotium regno excellentius (Constit. apost. 1. 2, c. 34).
30. Boni principis est Dei sacerdotes honorare (Cap. Boni princ. dist. 96).
31. Reges flexis genibus offerunt ei munera, et deosculantur manum, ut ex ejus contactu sanctificentur (Serm. 47).
32. Major est hic principatus quam regis; propterea rex caput submittit manui sacerdotis (De Verbis Is. hom. 4).
33. Anno 325, n. 16.
34. Sulpicio Severo (Vit. S. Mart. c. 23).
35. Eusébio de César (Vit. Constant. 1. 3, c. 22).
36. Sacerdotium ipsi quoque angeli venerantur (Orat ad Naz.).
37. Licet assistant angeli, praesidentis (sacerdotis) imperium exspectantes, nullus tamen eorum ligandi atque solvendi possidet potestatem (Serm. 26).
38. Opera Orac. 22.
39. Licet Beatissima Virgo excellentior fuerit Apostolis, non tamen illi, sed istis Dominus claves egni coelorum commisit (Cap. Nova quaedam. De Paenit.).
40. Virgo benedicta, excusa me, qui non loquor contra te: sacerdotium ipse praetulit supra te (T. 1. s. 20. a. 2. c. 7).
41. O veneranda sacerdotum dignitas, in quorum manibus, velut in utero Virginis, Filius Dei incarnatur! (Molina, Instr. Sacerd. tr. 1, c. 5, § 2).
42. Parentes Christi (S. ad Past. in syn.).
43. Ipse dixit, et facta sunt (Ps. 32, 9).
44. Potestas sacerdotis est sicut potestas Personarum divinarum; quia, in panis transsubstantione, tanta requiritur virtus, quanta in mundi creatione (Loco cit.).
45. O venerabiles sanctitudo manuum! O felix exercitium! Qui creavit me (si fas est dicere) dedit mihi creare se; et qui creavit me sine me, ipse creavit se mediante me!
46. Ad nutum Domini, ex nihilo substiterunt excelsa coelorum vasta terrarum; ita parem potentiam in spiritualibus sacerdotis verbis praebet virtus (Hom. de Corpore Chris.).
47. Biblioth. tr. 22, d. 12.


terça-feira, dezembro 02, 2008

1 - A dignidade do Padre - P.III

Excelência do poder sacerdotal

Mede-se também a dignidade do padre pelo poder que ele exerce sobre o corpo real e o corpo místico de Jesus Cristo.

Quanto ao corpo real, é de fé que no momento em que o padre consagra, o Verbo encarnado se obrigou a obedecer-lhe, vindo às suas mãos sob as espécies sacramentais. Causou espanto que Deus obedecesse a Josué, e mandasse ao sol que se detivesse à sua voz, quando ele disse: Sol! fica-te imóvel diante de Gabaon... E o sol deteve-se no meio do Céu 16.

Mas é muito maior prodígio que Deus, em obediência a poucas palavras do padre 17, desça sobre o altar, ou a qualquer parte em que o sacerdote o chame, quantas vezes o chamar, e se ponha entre as suas mãos, embora
esse sacerdote seja seu inimigo! Aí permanece inteiramente à disposição do padre, que pode transportá-lo à sua vontade dum lugar para outro, encerrálo no tabernáculo, expô-lo no altar, ou ministrá-lo aos outros. É o que exprime com admiração S. Lourenço Justiniano, falando dos padre: “Bem alto é o poder que lhes é dado! Quando querem, demudam o pão em corpo de Cristo: o Verbo encarnado desde do Céu e desce verdadeiramente à mesa do altar! É-lhes dado um poder que nunca foi outorgado aos anjos. Estes conservam-se junto do trono de Deus; os sacerdotes têm-no nas mãos, dão-no ao povo e eles próprios o comungam” 18.

Quando ao corpo místico de Jesus Cristo, que se compõe de todos os fiéis, tem o sacerdote o poder das chaves: pode livrar do inferno o pecador, torná-lo digno do Paraíso, e, de escravo do demônio, fazê-lo filho de Deus. O próprio Jesus Cristo se obrigou a estar pela sentença do padre, em recusar ou conceder o perdão, conforme o padre recusar ou dar a absolvição, contanto que o penitente seja digno dela.

De modo que o juízo de Deus está na mão do padre, diz S. Máximo de Turim 19. A sentença do padre precede, ajuda S. Pedro Damião, e Deus a subscreve 20. Assim, conclui S. João Crisóstomo, o Senhor supremo do universo não faz senão seguir o seu servo, confirmando no Céu tudo quanto ele decide na terra 21.

Os padres, diz Sto. Inácio mártir, são os dispensadores das graças divinas e os consócios de Deus 22. E, segundo S. Próspero, são a honra e as colunas da Igreja, portas e porteiros do Céu 23. Se Jesus Cristo descesse a uma igreja, e se sentasse num confessionário para administrar o sacramento da Penitência, ao mesmo tempo que um padre sentado no outro, o divino Redentor diria: Ego te absolvo o padre diria o mesmo: Ego te absolvo; e os penitentes ficariam igualmente absolvidos, tanto por um como pelo outro.

Que honra para um súdito, se o seu rei lhe desse poder para livrar da prisão quem lhe aprouvesse! Mas muito maior é o poder dado pelo Padre Eterno a Jesus Cristo, e por Jesus Cristo aos padres, para livrarem do inferno, não só os corpos, mas até as almas; esta reflexão é de S. João Crisóstomo 24.

[A Selva - SANTO AFONSO MARIA DE LIGÓRIO]

16. Obediente Domino voci hominis! — Sol, contra Gabaon ne movearis... Stetit itaque sol in
medio coeli (Jos. 10, 12).
17. Hoc est corpus meum.
18. Maxima illis est collata potestas! Ad eorum pene libitum, corpus Christi de panis
transsubstantiatur materia; descendit de coelo in carne Verbum, et altaris verissime reperitur
in mensa! Hoc illis praerogatur ex gratia, quod nusquam datum est angelis. Hi assistunt Deo;
illi contrectant manibus, tribuunt populis, et in se suscipiunt (Serm. de Euchar.).
19. Tanta ei (Petro) potestas attributa est judicandi, ut in arbitrio ejus poneretur coeleste
judicium (In Nat. B. Petri. hom. 3).
20. Praecedit Petri sententiam Redemptoris (Serm. 26).
21. Dominus sequitur servum; et quidquid hic in inferioribus judicaverit, hoc ille in supernis
comprobat (De Verbis Is. hom. 5).
22. In domo Dei, divinorum bonorum aeconomos, sociosque Dei, sacerdotes respicite (Ep.
ad Palyc.).
23. Ipsi sunt Ecclesiae decus, columnae firmissimae; ipsi januae, Civitatis aeternae, per quos
omnes ingrediuntur ad Christum; ipsi janitores, quibus claves datae sunt regni coelorum; ipsi
dispensatores regiae domus, quorum arbitrio dividuntur gradus singulorum (De Vita cont. 1.
2, c. 2).
24. Omne judicium a Filio illis traditum... Nam quasi in coelum translati, ad principatum istum
perducti sunt. Si cui rex hunc honorem detulerit, ut potestatem habeat quoscumque in carcerem
conjectos laxandi, beatus ille judicio omnium fuerit; at vero, qui tanto majorem a Deo accepit
potestatem, quanto animae corporibus praestant (De Sacerd. 1. 3).

segunda-feira, dezembro 01, 2008

1 - A dignidade do Padre - P.II

II - Importância das funções sacerdotais

Mede-se a dignidade do padre pelas altas funções que ele exerce. São os padres escolhidos por Deus, para tratarem na terra de todos os seus negócios e interesses; é uma classe inteiramente consagrada ao serviço do divino Mestre, diz S. Cirilo de Alexandria 11. Também Sto. Ambrósio chama ao ministério sacerdotal uma “profissão divina” 12. O sacerdote é o ministro, que o próprio Deus estabeleceu, como embaixador público de toda a Igreja junto dele, para o honrar, e obter da sua bondade as graças necessárias a todos os fiéis.

Não pode a Igreja inteira, sem os padres, prestar a Deus tanta honra, nem obter dele tantas graças, como um só padre que celebra uma missa. Com efeito, sem os padres, não poderia a Igreja oferecer a Deus sacrifício mais honroso que o da vida de todos os homens: mas o que era a vida de todos os homens, comparada com a de Jesus Cristo, cujo sacrifício tem um valor infinito? O que são todos os homens diante de Deus senão um pouco de pó, ou antes um nada? Isaías diz: São como uma gota de água... e todas as nações são diante dele, como se não fossem 13.

Assim, o sacerdote que celebra uma missa rende a Deus uma honra infinitamente maior, sacrificando-lhe Jesus Cristo, do que se todos os homens, morrendo por ele, lhe fizessem o sacrifício das suas vidas. Mais ainda, por uma só missa, dá o sacerdote a Deus maior glória, do que lhe têm dado e hão de dar todos os anjos e santos do Paraíso, incluindo também a Virgem santíssima; porque não lhe podem dar um culto infinito, como o faz um sacerdote celebrando no altar.

Além disso, o padre que celebra oferece a Deus um tributo de reconhecimento condigno da sua bondade infinita, por todas as graças que ele há sempre concedido, mesmo aos bem-aventurados que estão no Céu. Este
reconhecimento condigno nem todos os bem-aventurados juntos o poderiam prestar; de modo que, ainda sob este ponto de vista, a dignidade do padre está acima de todas as dignidades, sem exceptuar as do Céu.

Mais, o padre é um embaixador enviado pelo universo inteiro, como intercessor junto de Deus, para obter as suas graças para todas as criaturas; assim fala S. João Crisóstomo 14. Santo Efrém ajunta que o padre trata familiarmente com Deus 15. Para o padre, numa palavra, não há nenhuma porta fechada.

Jesus Cristo morreu para fazer um padre. Não era necessário que o Redentor morresse para salvar o mundo: uma gota de sangue, uma lágrima, uma prece lhe bastava para salvar todos os homens; porque, sendo esta prece dum valor infinito, era suficiente para salvar, não um mundo, mas milhares de mundos.

Pelo contrário, foi necessária a morte de Jesus Cristo para fazer um padre: pois, doutro modo, — onde se encontraria a Vítima que os padres da lei nova oferecem hoje a Deus, Vítima santíssima, sem mancha, só por si suficiente para honrar a Deus duma maneira condigna de Deus? O sacrifício da vida de todos os anjos e de todos os homens não seria capaz, como acabamos de dizer, de prestar a Deus a honra infinita, que lhe presta um padre com uma só missa.

[A Selva - SANTO AFONSO MARIA DE LIGÓRIO]

10. Qui honorat sacerdotem Christi, honorat Christum; et qui injuriat sacerdotem Christi,
injuriat Christum (Hom. 17).
11. Genus divinis ministeriis mancipatum (De Adora. 1. 13).
12. Deifica professio (De dignit. sac. c. 3).
13. Quasi stilla situlae... pulvis exiguus; omnes gentes quasi non sint, sunt coram eo (Is. 40,
15-17).
14. Pro universo terrarum orbe legatus intercedit apud Deum (De Secerd. 1. 6).
15. Cum Deo familiariter agit (De Sacerdotio).


sexta-feira, novembro 28, 2008

1 - A dignidade do Padre - P.I

I- Idéia da dignidade sacerdotal

Diz Sto. Inácio mártir que a dignidade sacerdotal tem a supremacia entre todas as dignidades criadas 2. Santo Efrém exclama: “É um prodígio espantoso a dignidade do sacerdócio, é grande, imensa, infinita 3. Segundo S. João Crisóstomo, o sacerdócio, embora se exerça na terra, deve ser contado no número das coisas celestes 4. Citando Sto. Agostinho, diz Bartolomeu Chassing que o sacerdote, alevantado acima de todos os poderes da terra e de todas as grandezas do Céu, só é inferior a Deus 5. e Inocêncio III assegura que o sacerdote está colocado entre Deus e o homem; é inferior a Deus, mas maior que o homem 6.

Segundo S. Dionísio, o sacerdócio é uma dignidade angélica, ou antes divina; por isso chama ao padre um homem divino 7. Numa palavra, concluí Sto. Efrém, a dignidade sacerdotal sobreleva a tudo quanto se pode conceber 8. Basta saber-se que, no dizer do próprio Jesus Cristo, os padres devem ser tratados como a sua pessoa: Quem vos escuta, a mim escuta; e quem vos despreza, a mim despreza 9. Foi o que fez dizer ao autor da Obra imperfeita: Honrar o sacerdote de Cristo, é honrar o Cristo; e fazer injúria ao sacerdote de Cristo, é fazê-la a Cristo” 10. Considerando a dignidade dos sacerdotes, Maria d’Oignies beijava a terra em que eles punham os pés.

[A Selva - SANTO AFONSO MARIA DE LIGÓRIO]

1. Terrível verdade que a experiência de cada dia tristemente confirma!
2. Omnium apex est Sacerdotium (Epist. ad Smyrn.).
3. Miraculum est stupendum, magna, immensa, infinita Sacerdotii dignitas (De Sacerdotio
1.3).
4. Sacerdotium in terris peragitur, sed in rerum coelestium ordinem referendum est (De Sacerd.
1. 3.).
5. O Sacerdos Dei! si altitudinem coeli contemplaris, altior es; si omnium dominorum
sublimitatem, sublimior es; solo tuo Creatore inferior es (Catal. gloriae mundi, p. 4. cons. 6).
6. Inter Deum et hominem medius constitus; minor Deo, sed major homine (In Consecr. Pont.
s. 2).
7. Angelica, imo divina est dignitas. — Qui sacerdotem dixit, prorsus divinum insinuat virum
(De Eccl. Hier.).
8. Excedit omnem cogitationem donum dignitatis sacerdotalis (De Sacerdotio).
9. Qui vos audit, me audit; et qui vos spernit, me spernit (Luc. 10, 16).
10. Qui honorat sacerdotem Christi, honorat Christum; et qui injuriat sacerdotem Christi,
injuriat Christum (Hom. 17).

quarta-feira, outubro 15, 2008

Blog Action Day 08 - Pobreza

Aproveitando, como muitos, e pela licita razão que se torna, o BAD-08, vou tratar sobre o assunto "Pobreza".

As imagens mais fáceis que se tem da palavra pobreza, e que renderam dividendos a grande mídia, é a de uma ou mais crianças etíopes com a fome a lhes mostrar os ossos sobre a pele. Falando de pobreza brasileira, a imagem iria oscilar entre um retirante nordestino e uma tomada cenográfica de uma favela, ou um desmoronamento de uma encosta qualquer. Esta pobreza é a "versão oficial".

Há muitas outras, escondidas de diversas formas, e por diversas razões, sobre as quais devemos deter o pensamento. A pobreza de espírito é talvez a mais fácil de perceber, porque nos angustia de imediato. A pobreza moral assola nossos lares antes mesmo de se tornar notícia na política, e é provavelmente a mais grave e a principal responsável pela situação na qual nos encontramos, em todos e quaisquer aspectos. Mas acima de todas, a que custará mais tempo e esforço para que se corrija, é a pobreza educacional.

E não estou falando de indicadores, índices, provas, provinhas ou provões estatais. A educação, seja ela doméstica ou escolar, superior ou complementar, gratuita ou paga, seja ela qual for, faliu.

Não há mais quem ensine, os pais não foram ensinados, não tem educação formal básica nem para si, quanto mais para a adequada formação dos filhos, alguns poucos ainda tentam, totalmente sem domínio do assunto, mas a maioria desistiu de ensinar aos seus qualquer conceito que possa ser tomado como "boa educação". Os que podem esperam isto das escolas caras.

Nas escolas, os professores, que sequer conseguem estabelecer uma relação de respeito mútuo, se esforçam para repetir parágrafos ensaiados e memorizados, por aqueles que foram seus professores, sem entender a real dimensão da matéria, sem compreensão, sem domínio. Normalmente, com alguma razão, culpam os pais, pela educação que não deram aos filhos, e que escusa e justifica a falha que terão como educadores.

No ensino superior, os mestres e doutores limitam-se a garantir que o processo todo não falhe, produzindo incontáveis incapazes diplomados, que durante o curso concentram todos os esforços num único objetivo: Carpe Diem.

Mas não foi apenas a instituição familiar que falhando justificou a falha da escola, e que permite a universidade, ao receber o produto incompleto desse ciclo, gerar cópias infinitas de um pensamento único e padronizado, que não é questionado nem corrigido, pois os professores não sabem do que falam e os alunos não tem interesse em aprender, concentram-se todos em executar o processo, levando o aluno a encerrar os semestres com uma nota que denote o aproveitamento razoável das asneiras que lhe ensinaram.

Ainda que alguém, bem intencionado decidisse quebrar este círculo vicioso, não teria ferramentas, não haveria professores preparados para realmente ensinar, mesmo que encontrasse alunos desejosos de aprender.

Talvez fosse a hora de parar todo o processo, e recomeçar do início, ainda que só houvessem algumas vagas e que a quase totalidade dos alunos ficassem simplesmente excluidos. Teríamos um grande ganho, pois pelo menos a maioria conheceria a verdade da própria situação, não existiriam tantos diplomados incapazes, todos prontos a ensinar a próxima geração.

Como resolver o problema familiar já não sei, seria muito complicado proibir os pais incompetentes de reproduzirem-se.

Alessandro Martini

domingo, setembro 21, 2008

Quando se Pensa...

Hugo Wast


Quando se pensa que nem a Santíssima Virgem
pode fazer o que pode um sacerdote;

Quando se pensa que nem os anjos, nem os arcanjos,
nem Miguel, nem Gabriel, nem Rafael,
nem príncipe algum daqueles que venceram a Lúcifer
podem fazer o que pode um sacerdote;

Quando se pensa que Nosso Senhor Jesus Cristo, na última Ceia,
realizou um milagre maior que a criação do mundo com todos os esplendores,
e foi converter o pão e o vinho em Seu Corpo e Seu Sangue para alimentar o mundo;
e que este portento, ante o qual se ajoelham os anjos e os homens,
pode repeti-lo cada dia um sacerdote;

Quando se pensa no outro milagre que somente um sacerdote pode realizar:
perdoar os pecados, e que o que ele ata no fundo de seu humilde confessionário,
Deus, obrigado por sua própria palavra, o ata no Céu,
e o que ele desata, no mesmo instante o desata Deus;

Quando se pensa que a humanidade foi remida e que o mundo subsiste
porque há homens e mulheres que se alimentam cada dia
desse Corpo e desse Sangue redentor que só um sacerdote pode realizar;

Quando se pensa que o mundo morreria da pior fome
se chegasse a faltar-lhe este pouquinho de pão e esse pouquinho de vinho;

Quando se pensa que isto pode acontecer,
porque estão faltando as vocações sacerdotais;
e que quando isto acontecer os céus se comoverão e explodirá a terra,
como se a mão de Deus tivesse deixado de sustentá-la;
e os povos uivarão de fome e de angústia
e pedirão este pão e não haverá quem lho dê;
e pedirão a absolvição de suas culpas,
e não haverá quem as absolva,
e morrerão com os olhos abertos pelo pior dos espantos;

Quando se pensa que um sacerdote faz mais falta que um político,
mais que um militar, mais que um banqueiro, mias que um médico, mais que um mestre,
porque ele pode substituir a todos e ninguém o pode substituir;

Quando se pensa que um sacerdote quando celebra no altar
tem uma dignidade infinitamente maior que um rei;
e que não é nem um símbolo, nem sequer embaixador de Cristo,
mas o próprio Cristo que lá está repetindo o maior milagre de Deus;

Quando se pensa tudo isto,
compreende-se a imensa necessidade de fomentar as vocações;

Compreende-se o afã com que, em tempos antigos,
cada família ansiava que de seu seio brotasse,
como uma vara de nardo, uma vocação sacerdotal;

Compreende-se o imenso respeito
que os povos antigos tinham pelos sacerdotes,
o que se refletia em suas leis;

Compreende-se que o pior crime que pode cometer alguém
é impedir ou desanimar uma vocação;

Compreende-se que provocar uma apostasia
é ser como Judas e vender a Cristo de novo;

Compreende-se que se um pai ou uma mãe
impedem a vocação sacerdotal de um filho,
é como se renunciassem a um título de nobreza incomparável;

Compreende-se que mais que uma igreja, mais que uma escola,
mais que um hospital, é um seminário ou um noviciado;

Compreende-se que dar para construir ou manter
um seminário ou um noviciado é multiplicar os nascimentos do Redentor;

Compreende-se que dar para custear os estudos
de um jovem seminarista ou de um noviço
é aplainar o caminho por onde há de chegar ao altar um homem,
que durante meia hora, cada dia,
será muito mais que todas as dignidades da terra
e que todos os santos do céu, pois será Cristo mesmo,
sacrificando Seu Corpo e Seu Sangue, para alimentar o mundo.

Fonte: http://www.adapostolica.org/modules/wfsection/article.php?articleid=444

sábado, setembro 13, 2008

Em curitiba: católicos impedem a entrada de modernista na igreja.


Agora só falta expulsar os que já estão lá dentro.

PS1.: A convicção do padre é "digna" de nota.

PS2.: Espero que a mula me perdoe a ofensa.

terça-feira, setembro 02, 2008

Carta Aberta a Dom Redovino Rizardo

na festa de São Raimundo Nonato, em Dourados-MS, 31 de Agosto de 2008.


Excelentíssimo e Reverendíssimo Dom Redovino,
Salve Maria!

Recentemente li o artigo de V.Excia Reverendíssima intitulado "Missa nordestina, gaúcha e romana", publicado no site da Diocese de Dourados em 18/07/2008, cujo assunto despertou sobremaneira meu interesse, pois pouco mais de um ano lhe escrevia denunciando os abusos da Missa Caipira realizada na paróquia São Carlos, aliás, Missa esta que se repetiu este ano, no dia 14 de Junho, na mesma paróquia. Em resposta à minha denúncia do ano anterior, Vossa Excelência, de prático, respondeu-me que: "... vou me inteirar para ver em que consiste essa "Missa Caipira". Eu também não gosto muito de certas manifestações "litúrgicas"...".

Pois bem. Permita-me deduzir do artigo acima citado, que Vossa Excelência tendo se inteirado da mesma, ou deu seu aval, ou não a proibiu, pois agora dá sua aprovação às inculturações.

Haveria muito a dizer sobre essa celebração, mas as fotos publicadas (http://www.terceiromilenio.org/album.php?album=evento215) falam por si mesmas, e o assunto que motiva minha carta é outro.

Lendo o artigo de Vossa Excia. , notei uma certa contradição que passo a relatar, de modo sucinto e com negritos meus, na esperança de que possa me esclarecer.

Logo no início do artigo, citando as palavras de Sua Santidade o Papa Bento XVI a um grupo de sacerdotes e seminaristas, Vossa Excelência escreve:
«A oração é o momento mais importante na vida do padre, momento em que a graça divina age com maior eficácia, dando fecundidade ao seu ministério. Rezar é o primeiro serviço que se pode prestar à comunidade. Os momentos de oração devem merecer uma verdadeira prioridade em nossa vida. Sei que muitas realidades nos urgem. Mas, se não estivermos em comunhão com Deus, nada conseguiremos dar a quem nos procura. Deus é a prioridade absoluta».

E segue Vossa Excia. afirmando:
«Dentre os diversos momentos de oração que enriquecem o dia do sacerdote, a celebração eucarística ocupa um lugar privilegiado. Mas, para que de fato assim seja, toda a vida do padre precisa ser oração

«Essa é a razão que levava São Paulo a se queixar amargamente com os cristãos de Corinto ao vê-los participar da Eucaristia sem as disposições necessárias.»

Até aqui Vossa Excelência afirma, com coerência, algo de grande importância: A vida de um Sacerdote deve ser toda oração, não havendo nada mais importante, tendo lugar privilegiado a celebração eucarística, para a qual é necessário estar devidamente preparado, tendo Deus como prioridade absoluta.

Por ser esta uma carta aberta, considero necessários dois esclarecimentos:

1. Onde há uma força absoluta não há espaço para ação de nenhuma outra força; onde há uma ocupação absoluta não há como existir uma ocupação secundária; quando algo é absoluto, é irrestrito, ilimitado, não permitindo a existência de qualquer concorrência, ou seja, sendo Deus a prioridade absoluta, não pode haver nenhuma prioridade secundária concorrente, existirá apenas uma prioridade. Assim, Deus é a única prioridade.

2. As disposições necessárias para participar da Eucaristia são, segundo o Compêndio do Catecismo da Igreja Católica:
«... estar plenamente incorporado à Igreja católica e em estado de graça, isto é, sem consciência de pecado mortal. Quem tem consciência de ter cometido pecado grave deve receber o sacramento da Reconciliação antes da Comunhão. São também importantes o espírito de recolhimento e de oração, a observância do jejum prescrito pela Igreja e ainda a atitude corporal (gestos, trajes), como sinal de respeito para com Cristo.
[291]»

Retornando ao artigo em questão, depois da citação do texto da primeira carta de São Paulo aos Coríntios, V. Excia afirma algo estranho: «Onde existe Deus, gerado pela busca da santidade, pela solidariedade fraterna e pela prática da justiça de quem se faz presente na missa, ela tem sempre sentido.»

Perdoe-me, Excelência, mas aí deve ter havido um descuido em sua redação.

Deus existe independentemente de qualquer coisa. Deus não é “gerado pela busca da santidade, pela solidariedade fraterna e pela prática da justiça de quem se faz presente na missa”.

E a presença real de Cristo na Missa não é “gerada” pelas atitudes do povo, mas resulta das palavras da Consagração pronunciadas pelo sacerdote.

Claro que tenho certeza de que Vossa Excia. sabe disto. Portanto, prefiro acreditar que houve apenas um erro de expressão de sua parte, ou tenha sido fruto de um erro de digitação, ou de falha na revisão, e que o artigo venha a ser corrigido brevemente por Vossa Excia.

Porém, não é só isso. Na frase seguinte de seu artigo novo erro.

Veja Excelência como foi publicado em seu artigo:

Caso contrário, mesmo que [a Missa] seja rezada obedecendo a todas as normas e rubricas emanadas pela Igreja, acaba sendo uma simples cerimônia, talvez impecável nas exterioridades, mas sem alma, sem vibração e, sobretudo, sem tocar o coração de ninguém”.

A Missa não depende da vibração do povo que a assiste. Ela independe de tocar ou de não tocar o coração de ninguém. Na Missa, Cristo está presente na Hóstia consagrada com seu Corpo, Sangue, Alma e Divindade, mesmo que nenhum dos assistentes creia nEle. É um erro bem grave fazer depender o valor infinito da Missa do sentimento do coração, ou da vibração do povo.

Entre "as normas e rubricas emanadas pela igreja" estão as disposições para participar da Santa Eucaristia. Entre as disposições requeridas para bem assistir a Missa estão a fé e a disposição de espírito, mas NÃO estão nem a vibração do povo, nem a necessidade de tocar o coração dos fiéis. Assim sendo, uma Missa rezada obedecendo a TODAS as normas e rubricas emanadas pela Igreja, NUNCA SERÁ "uma simples cerimônia".

Baseado na afirmação errada de que a Missa possa vir a tornar-se uma "simples cerimônia" ou, como dito posteriormente, "se tornar insossa", Vossa Excelência passa a considerar as possibilidades e vantagens da inculturação, até o ponto da Missa tornar-se "Crioula, Gaúcha, Nordestina ou outras...". Então, se estabelece uma contradição entre o início e o restante do texto:

1. No inicio do texto se afirma: O centro da vida do Sacerdote é a oração, o centro da oração é a Eucaristia e o centro de tudo é Deus.

2. Posteriormente, o texto passa a defender as Missas "inculturadas". Ora, uma Missa, seja ela crioula, gaúcha, nordestina ou caipira, é um espetáculo ensaiado, um show, cujo único objetivo é agradar a platéia.
Assim, a Missa, centro da oração, não tem mais Deus no centro
. O centro da Missa passa a ser o homem, para quem o espetáculo é dirigido, e Nosso Senhor passa a ser tratado como um mero coadjuvante involuntário.

A Missa é a renovação incruenta do sacrifício de Cristo no Calvário. Quando assistimos a Missa devemos lembrar que estamos assistindo ao sofrimento e a morte de Cristo pelos nossos pecados. Não se pode negar que, nessas missas crioulas, caipiras, etc., a idéia de sacrifício de Cristo na Cruz é posta bem de lado, senão negada ou esquecida. Nessas Missas ditas “inculturadas”, se dá à Missa, o sentido de ceia festiva, alegre e dançante, que, aliás, se tornou lugar comum nas Missas atuais.

Devemos, entretanto, lembrar que na Santa Ceia, quando Cristo estabeleceu a Eucaristia, houve muito pouco espaço para festa. Cristo conhecia o seu destino iminente e já o havia comunicado aos discípulos (MT 26,1s). Ao iniciar a ceia, Jesus comunicou a traição de um deles (MT 26,20-25), o que os deixou muito tristes (MT 26,22).

Após instituir a Eucaristia, os Apóstolos saem para o monte das Oliveiras, onde Cristo prediz as negações de Pedro (MT 26,31-35). Caso reste alguma dúvida sobre o pesar que pairava sobre eles nesta noite, o próprio Cristo afirma aos apóstolos: "Minha alma está triste até a morte"(MT 26, 38). Portanto, mesmo a ceia Eucarística tem seu centro no sacrifício de Cristo.

Peço a Vossa Excelência que me esclareça caso tenha cometido algum erro de interpretação. Do contrário devo propor que, dado o comportamento festivo do povo nas Missas ditas "inculturadas", absurdamente festivas, que a inculturação "adequada" exigiria que todos fossem trajados a caráter, fantasiados de romanos e judeus, e que durante a consagração, pouco antes de bater palmas e cantar alegremente frente ao Cristo suspenso na cruz, o que já ocorre costumeiramente, também gritassem em coro: Seja Crucificado! Seja Crucificado!(MT 27,22s).

Rogando sua bênção episcopal,

subscrevo-me reverentemente como membro de sua grei.

Alessandro Martini

quinta-feira, agosto 07, 2008

Encerramento das atividades do IBP no Brasil!!???

As duas notícias que seguem causam tristeza a todo católico. Deixando o Brasil, o Instituto Bom Pastor leva também parte de nossas esperanças, não apenas as esperanças que trouxe quando chegou, mas algumas esperanças novas e muitas outras - usando um termo em voga - restauradas.

Apenas a título de resistência, teimosia ou tola esperança, porque é que não encontrei em lugar algum referência à lista [ibp-brasil] do Yahoo Grupos, porque é que o link apresentado leva a uma lista que não existe? Teria, também, a lista do IBP abandonado as terras tupiniquins?


Lamentamos tener que informar lo siguiente:

Por falta de las condiciones mínimas para ejercer un apostolado fructuoso, se clausuran las actividades públicas del Instituto del Buen Pastor en São Paulo, cerrandose así la Casa de formación Nuestra Señora del Buen Consejo. De todo corazón suplicamos a Dios Nuestro Señor y a Su Santísima Madre que muy pronto se puedan restablecer, en mejores condiciones, las actividades apostólicas encomendadas por el Santo Padre al IBP en un territorio tan basto y prometedor para el futuro de la Santa Iglesia de Dios.

Las pruebas actuales por que atraviesa el IBP, no sólo son el signo de la la Cruz que necesariamente maraca a toda obra de Dios, sino que también son el presagio de una abundante cosecha futura de almas y la ocasión inmerecida que nos da la Providencia, de ofrecer nuestro granito de arena, con la certeza de estar cooperando con el Papa en la Victoria, esperamos no será lejana, de la Santa Iglesia Católica Romana.

Non nobis, Domine, non nobis: sed nomine tuo da gloriam
P. Rafael Navas Ortiz IBP
Fonte: SECRETUM MEUM MIHI
Publicamos a última homilia do Abbé Roch Perrel no Brasil, veiculada na lista de e-mails do IBP-Brasil.


De: ibp-brasil@yahoogrupos.com.br
Enviada em: domingo, 3 de agosto de 2008 17:49
Assunto: [ibp-brasil] Ultimo sermao


12º Domingo depois de Pentecostes

Meus caros irmãos,

Este domingo é muito particular porque é hoje que celebro a última Missa pública do Instituto Bom Pastor no Brasil. A meu pedido, o Reverendo Padre Laguérie tomou a decisão de fechar a casa de formaçãodo IBP. O diácono Vincent e eu partiremos esta semana para a França. Muitas razões motivaram nossa partida definitiva, mas para evitar toda polêmica e para não ferir ninguém em particular, darei uma só razão que concerne a muitos. Não se trata de um acerto de contas, pois aqui não é nem o lugar nem o momento. Até porque também devo agradecer pela ajuda financeira . A generosidade dos senhores não faltou jamais. A questão que coloco e deixo para a meditação dos senhores é:
que lugar deve ser dado ao sacerdote numa vida cristã.

Durante esses seis meses no Brasil, tive o sentimento de que para muitos o sacerdote é somente um distribuidor de sacramentos. Sem dúvida, o sacerdote é o homem da Missa e da liturgia e foi para issoque ele foi chamado por Jesus Cristo Sumo Sacerdote. E apesar de suas fraquezas, o padre continua a obra salvífica de Jesus Cristo. Ele infunde a vida da graça nas almas pelo sacramento do Batismo; ele perdoa os pecados em nome de Cristo no sacramento da penitência e ele renova, de maneira não sangrenta, o sacrifício do calvário a cada Missa. Tantas coisas maravilhosas que somente a sabedoria de Deus podia instituir. Somente Deus podia arriscar-se a confiar um tal tesouro a vasos de argila. E a salvação das almas que Nosso Senhor confiou aos seus sacerdotes é um fardo terrível e uma missão exaltante. Mas o sacerdote não é somente isso.

Será que alguns já se perguntaram porque o sacerdote é chamado “Padre”? Porque é preciso admitir que as palavras que empregamos têm uma significação, correspondendo à realidade que designam. É de se admirar, todavia, que o termo “Padre” não evoca diretamente a dimensão sacrificial de sua obra. Ele evoca, porém, a paternidade espiritual do sacerdote. O sacerdote é um pai porque pelos sacramentos, começando pelo batismo, mas não somente por eles, ele infunde a vida divina nas almas. E esta é uma das razões do celibato eclesiástico na Igreja Romana. O Padre renuncia à paternidade natural em vista de uma mais perfeita: a paternidade espiritual. “Ninguém há que tenha deixado casa, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou filhos, ou terras por causa de mim ou por causa do Evangelho, que não receba, já neste mundo, cem vezes mais casa, irmãos, irmãs, mães, filhos e terras, com perseguições, e no mundo vindouro a vida eterna.” (Mc X, 29-30) Esta promessa de Jesus Cristo se realiza eminentemente no sacerdócio e na vida religiosa, mas é preciso que seus filhos aceitem essa paternidade, consintam a ver no Padre um verdadeiro pai para a sua alma e, sobretudo, que tal paternidade não se exerce unicamente na capela. É neste ponto que a atitude de alguns está errada pois limitaram o Padre à capela, impedindo-o de ir mais além na sua paternidade espiritual. Não quero dizer que o Padre deva dirigir tudo nas famílias, mas muitos praticamente nunca me permitiram entrar no seio das famílias. É para mim uma tristeza sacerdotal enorme de ver que praticamente não os conheço. Minha alma está triste nesse dia. Essa decisão de cessar o apostolado brasileiro não foi tomado com alegria no coração. Não se trata nem de rancor nem de ódio, mas da tristeza de ter batido em portas que permaneceram fechadas.

_______________________
Padre Roch Perrel
Instituto do Bom Pastor
Rua Gonçalo Pedrosa, 25
Ipiranga
04261 - 060 São Paulo - SPBrasil

Fonte: Tantum Ergo Sacramentum e outros blogs.

quarta-feira, abril 23, 2008

Seja Bem Vindo ao Lar






Nossa família é feita de todas as raças
Nós somos jovens e velhos, Ricos e pobres,
homens e mulheres Pecadores e santos.

Nossa família se difundiu pelos séculose pelo mundo.
Com a graça de Deus, nós abrimos hospitais para cuidar dos doentes.
Fundamos orfanatos e ajudamos os pobres.

Nós somos a maior organização caritativa no planeta,
trazendo alívio e conforto para aqueles que precisam.
Nós educamos mais crianças do que
qualquer outra instituição educativa ou religiosa.

Nós desenvolvemos o método científico e as leis de evidência.
Nós fundamos o sistema universitário.
Nós defendemos a dignidade de toda vida humana
e preservamos o casamento e a família.

Cidades receberam os nomes de nossos venerados santos,
que percorreram o caminho da santidade antes de nós.
Guiados pelo Espírito Santo, nós compilamos a Bíblia.

Nós somos transformados pela Sagrada Escritura e pela Sagrada Tradição,
que nos têm guiado firmemente por dois mil anos.
Nós somos a Igreja Católica

Com mais de um bilhão na nossa família
compartilhando dos sacramentos e da plenitude da fé cristã.
Por séculos nós temos rezado por você
e por todo o mundo,a cada hora, a cada dia,
sempre que celebramos a Missa.

O próprio Jesus lançou as fundações de nossa fé quando disse a Pedro,
"Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja"
Por mais de dois mil anos, nós tivemos uma linha
ininterrupta de pastores guiando a Igreja Católica com amor e verdade,
num mundo confuso e doloroso para se viver.

E nesse mundo cheio de caos, dificuldades e dor,
é reconfortante saber que algumas coisas
permanecem coerentes, verdadeiras e fortes:
nossa fé católica e o eterno amor que Deus tem por toda a criação.

Se você esteve fora da Igreja Católica,
nós convidamos você a um novo olhar.
Nossa família é unida em Jesus Cristo,
nosso Senhor e Salvador.

Nós somos católicos.
Bem vindo a sua casa!

domingo, janeiro 06, 2008

A Missa de Sempre em Dourados-MS?

Volto a postar após algum tempo, com uma notícia já meio passada, mas ainda não divulgada abertamente. Dias antes da entrada em vigor do Motu Proprio "Summorum Pontificum" estivemos com Dom Redovino e requisitamos a ele a celebração da Missa de Sempre em nossa cidade.

Para nossa quase imensa alegria Dom Redovino de pronto a autorizou, sob uma condição. Determinou rapidamente um padre, Pe. Marcio Trevizan-reitor do seminário local, e poucos dias depois definiu o local, a Capela da Cripta adjacente a Catedral.

Mas, passados mais de 3 meses da autorização de Dom Redovino, estamos ainda assistindo a Missa a 240Km daqui, em Campo Grande, sempre que a providência nos permite. A autorização ainda esta emperrada na condição que Dom Redovino nos impôs: para ter a "Missa de Sempre" necessitamos um "grupo estável" com pelo menos 15 pessoas.

Entre alguns curiosos e outros "tradicionalistas" que encontramos por aqui, já somamos mais de dez, mas se existem outros, escondem-se bem. Assim vamos viajando para a Missa, sempre que possível, e aguardando que outros se juntem a nós.

Peço a todos os amigos que incluam em suas orações, intenções pela Missa de Sempre em Dourados, e aqueles que residem aqui pelos arredores, e que tenham interesse, que enviem e-mail para missa.latim@yahoo.com.br.