domingo, setembro 21, 2008

Quando se Pensa...

Hugo Wast


Quando se pensa que nem a Santíssima Virgem
pode fazer o que pode um sacerdote;

Quando se pensa que nem os anjos, nem os arcanjos,
nem Miguel, nem Gabriel, nem Rafael,
nem príncipe algum daqueles que venceram a Lúcifer
podem fazer o que pode um sacerdote;

Quando se pensa que Nosso Senhor Jesus Cristo, na última Ceia,
realizou um milagre maior que a criação do mundo com todos os esplendores,
e foi converter o pão e o vinho em Seu Corpo e Seu Sangue para alimentar o mundo;
e que este portento, ante o qual se ajoelham os anjos e os homens,
pode repeti-lo cada dia um sacerdote;

Quando se pensa no outro milagre que somente um sacerdote pode realizar:
perdoar os pecados, e que o que ele ata no fundo de seu humilde confessionário,
Deus, obrigado por sua própria palavra, o ata no Céu,
e o que ele desata, no mesmo instante o desata Deus;

Quando se pensa que a humanidade foi remida e que o mundo subsiste
porque há homens e mulheres que se alimentam cada dia
desse Corpo e desse Sangue redentor que só um sacerdote pode realizar;

Quando se pensa que o mundo morreria da pior fome
se chegasse a faltar-lhe este pouquinho de pão e esse pouquinho de vinho;

Quando se pensa que isto pode acontecer,
porque estão faltando as vocações sacerdotais;
e que quando isto acontecer os céus se comoverão e explodirá a terra,
como se a mão de Deus tivesse deixado de sustentá-la;
e os povos uivarão de fome e de angústia
e pedirão este pão e não haverá quem lho dê;
e pedirão a absolvição de suas culpas,
e não haverá quem as absolva,
e morrerão com os olhos abertos pelo pior dos espantos;

Quando se pensa que um sacerdote faz mais falta que um político,
mais que um militar, mais que um banqueiro, mias que um médico, mais que um mestre,
porque ele pode substituir a todos e ninguém o pode substituir;

Quando se pensa que um sacerdote quando celebra no altar
tem uma dignidade infinitamente maior que um rei;
e que não é nem um símbolo, nem sequer embaixador de Cristo,
mas o próprio Cristo que lá está repetindo o maior milagre de Deus;

Quando se pensa tudo isto,
compreende-se a imensa necessidade de fomentar as vocações;

Compreende-se o afã com que, em tempos antigos,
cada família ansiava que de seu seio brotasse,
como uma vara de nardo, uma vocação sacerdotal;

Compreende-se o imenso respeito
que os povos antigos tinham pelos sacerdotes,
o que se refletia em suas leis;

Compreende-se que o pior crime que pode cometer alguém
é impedir ou desanimar uma vocação;

Compreende-se que provocar uma apostasia
é ser como Judas e vender a Cristo de novo;

Compreende-se que se um pai ou uma mãe
impedem a vocação sacerdotal de um filho,
é como se renunciassem a um título de nobreza incomparável;

Compreende-se que mais que uma igreja, mais que uma escola,
mais que um hospital, é um seminário ou um noviciado;

Compreende-se que dar para construir ou manter
um seminário ou um noviciado é multiplicar os nascimentos do Redentor;

Compreende-se que dar para custear os estudos
de um jovem seminarista ou de um noviço
é aplainar o caminho por onde há de chegar ao altar um homem,
que durante meia hora, cada dia,
será muito mais que todas as dignidades da terra
e que todos os santos do céu, pois será Cristo mesmo,
sacrificando Seu Corpo e Seu Sangue, para alimentar o mundo.

Fonte: http://www.adapostolica.org/modules/wfsection/article.php?articleid=444

sábado, setembro 13, 2008

Em curitiba: católicos impedem a entrada de modernista na igreja.


Agora só falta expulsar os que já estão lá dentro.

PS1.: A convicção do padre é "digna" de nota.

PS2.: Espero que a mula me perdoe a ofensa.

terça-feira, setembro 02, 2008

Carta Aberta a Dom Redovino Rizardo

na festa de São Raimundo Nonato, em Dourados-MS, 31 de Agosto de 2008.


Excelentíssimo e Reverendíssimo Dom Redovino,
Salve Maria!

Recentemente li o artigo de V.Excia Reverendíssima intitulado "Missa nordestina, gaúcha e romana", publicado no site da Diocese de Dourados em 18/07/2008, cujo assunto despertou sobremaneira meu interesse, pois pouco mais de um ano lhe escrevia denunciando os abusos da Missa Caipira realizada na paróquia São Carlos, aliás, Missa esta que se repetiu este ano, no dia 14 de Junho, na mesma paróquia. Em resposta à minha denúncia do ano anterior, Vossa Excelência, de prático, respondeu-me que: "... vou me inteirar para ver em que consiste essa "Missa Caipira". Eu também não gosto muito de certas manifestações "litúrgicas"...".

Pois bem. Permita-me deduzir do artigo acima citado, que Vossa Excelência tendo se inteirado da mesma, ou deu seu aval, ou não a proibiu, pois agora dá sua aprovação às inculturações.

Haveria muito a dizer sobre essa celebração, mas as fotos publicadas (http://www.terceiromilenio.org/album.php?album=evento215) falam por si mesmas, e o assunto que motiva minha carta é outro.

Lendo o artigo de Vossa Excia. , notei uma certa contradição que passo a relatar, de modo sucinto e com negritos meus, na esperança de que possa me esclarecer.

Logo no início do artigo, citando as palavras de Sua Santidade o Papa Bento XVI a um grupo de sacerdotes e seminaristas, Vossa Excelência escreve:
«A oração é o momento mais importante na vida do padre, momento em que a graça divina age com maior eficácia, dando fecundidade ao seu ministério. Rezar é o primeiro serviço que se pode prestar à comunidade. Os momentos de oração devem merecer uma verdadeira prioridade em nossa vida. Sei que muitas realidades nos urgem. Mas, se não estivermos em comunhão com Deus, nada conseguiremos dar a quem nos procura. Deus é a prioridade absoluta».

E segue Vossa Excia. afirmando:
«Dentre os diversos momentos de oração que enriquecem o dia do sacerdote, a celebração eucarística ocupa um lugar privilegiado. Mas, para que de fato assim seja, toda a vida do padre precisa ser oração

«Essa é a razão que levava São Paulo a se queixar amargamente com os cristãos de Corinto ao vê-los participar da Eucaristia sem as disposições necessárias.»

Até aqui Vossa Excelência afirma, com coerência, algo de grande importância: A vida de um Sacerdote deve ser toda oração, não havendo nada mais importante, tendo lugar privilegiado a celebração eucarística, para a qual é necessário estar devidamente preparado, tendo Deus como prioridade absoluta.

Por ser esta uma carta aberta, considero necessários dois esclarecimentos:

1. Onde há uma força absoluta não há espaço para ação de nenhuma outra força; onde há uma ocupação absoluta não há como existir uma ocupação secundária; quando algo é absoluto, é irrestrito, ilimitado, não permitindo a existência de qualquer concorrência, ou seja, sendo Deus a prioridade absoluta, não pode haver nenhuma prioridade secundária concorrente, existirá apenas uma prioridade. Assim, Deus é a única prioridade.

2. As disposições necessárias para participar da Eucaristia são, segundo o Compêndio do Catecismo da Igreja Católica:
«... estar plenamente incorporado à Igreja católica e em estado de graça, isto é, sem consciência de pecado mortal. Quem tem consciência de ter cometido pecado grave deve receber o sacramento da Reconciliação antes da Comunhão. São também importantes o espírito de recolhimento e de oração, a observância do jejum prescrito pela Igreja e ainda a atitude corporal (gestos, trajes), como sinal de respeito para com Cristo.
[291]»

Retornando ao artigo em questão, depois da citação do texto da primeira carta de São Paulo aos Coríntios, V. Excia afirma algo estranho: «Onde existe Deus, gerado pela busca da santidade, pela solidariedade fraterna e pela prática da justiça de quem se faz presente na missa, ela tem sempre sentido.»

Perdoe-me, Excelência, mas aí deve ter havido um descuido em sua redação.

Deus existe independentemente de qualquer coisa. Deus não é “gerado pela busca da santidade, pela solidariedade fraterna e pela prática da justiça de quem se faz presente na missa”.

E a presença real de Cristo na Missa não é “gerada” pelas atitudes do povo, mas resulta das palavras da Consagração pronunciadas pelo sacerdote.

Claro que tenho certeza de que Vossa Excia. sabe disto. Portanto, prefiro acreditar que houve apenas um erro de expressão de sua parte, ou tenha sido fruto de um erro de digitação, ou de falha na revisão, e que o artigo venha a ser corrigido brevemente por Vossa Excia.

Porém, não é só isso. Na frase seguinte de seu artigo novo erro.

Veja Excelência como foi publicado em seu artigo:

Caso contrário, mesmo que [a Missa] seja rezada obedecendo a todas as normas e rubricas emanadas pela Igreja, acaba sendo uma simples cerimônia, talvez impecável nas exterioridades, mas sem alma, sem vibração e, sobretudo, sem tocar o coração de ninguém”.

A Missa não depende da vibração do povo que a assiste. Ela independe de tocar ou de não tocar o coração de ninguém. Na Missa, Cristo está presente na Hóstia consagrada com seu Corpo, Sangue, Alma e Divindade, mesmo que nenhum dos assistentes creia nEle. É um erro bem grave fazer depender o valor infinito da Missa do sentimento do coração, ou da vibração do povo.

Entre "as normas e rubricas emanadas pela igreja" estão as disposições para participar da Santa Eucaristia. Entre as disposições requeridas para bem assistir a Missa estão a fé e a disposição de espírito, mas NÃO estão nem a vibração do povo, nem a necessidade de tocar o coração dos fiéis. Assim sendo, uma Missa rezada obedecendo a TODAS as normas e rubricas emanadas pela Igreja, NUNCA SERÁ "uma simples cerimônia".

Baseado na afirmação errada de que a Missa possa vir a tornar-se uma "simples cerimônia" ou, como dito posteriormente, "se tornar insossa", Vossa Excelência passa a considerar as possibilidades e vantagens da inculturação, até o ponto da Missa tornar-se "Crioula, Gaúcha, Nordestina ou outras...". Então, se estabelece uma contradição entre o início e o restante do texto:

1. No inicio do texto se afirma: O centro da vida do Sacerdote é a oração, o centro da oração é a Eucaristia e o centro de tudo é Deus.

2. Posteriormente, o texto passa a defender as Missas "inculturadas". Ora, uma Missa, seja ela crioula, gaúcha, nordestina ou caipira, é um espetáculo ensaiado, um show, cujo único objetivo é agradar a platéia.
Assim, a Missa, centro da oração, não tem mais Deus no centro
. O centro da Missa passa a ser o homem, para quem o espetáculo é dirigido, e Nosso Senhor passa a ser tratado como um mero coadjuvante involuntário.

A Missa é a renovação incruenta do sacrifício de Cristo no Calvário. Quando assistimos a Missa devemos lembrar que estamos assistindo ao sofrimento e a morte de Cristo pelos nossos pecados. Não se pode negar que, nessas missas crioulas, caipiras, etc., a idéia de sacrifício de Cristo na Cruz é posta bem de lado, senão negada ou esquecida. Nessas Missas ditas “inculturadas”, se dá à Missa, o sentido de ceia festiva, alegre e dançante, que, aliás, se tornou lugar comum nas Missas atuais.

Devemos, entretanto, lembrar que na Santa Ceia, quando Cristo estabeleceu a Eucaristia, houve muito pouco espaço para festa. Cristo conhecia o seu destino iminente e já o havia comunicado aos discípulos (MT 26,1s). Ao iniciar a ceia, Jesus comunicou a traição de um deles (MT 26,20-25), o que os deixou muito tristes (MT 26,22).

Após instituir a Eucaristia, os Apóstolos saem para o monte das Oliveiras, onde Cristo prediz as negações de Pedro (MT 26,31-35). Caso reste alguma dúvida sobre o pesar que pairava sobre eles nesta noite, o próprio Cristo afirma aos apóstolos: "Minha alma está triste até a morte"(MT 26, 38). Portanto, mesmo a ceia Eucarística tem seu centro no sacrifício de Cristo.

Peço a Vossa Excelência que me esclareça caso tenha cometido algum erro de interpretação. Do contrário devo propor que, dado o comportamento festivo do povo nas Missas ditas "inculturadas", absurdamente festivas, que a inculturação "adequada" exigiria que todos fossem trajados a caráter, fantasiados de romanos e judeus, e que durante a consagração, pouco antes de bater palmas e cantar alegremente frente ao Cristo suspenso na cruz, o que já ocorre costumeiramente, também gritassem em coro: Seja Crucificado! Seja Crucificado!(MT 27,22s).

Rogando sua bênção episcopal,

subscrevo-me reverentemente como membro de sua grei.

Alessandro Martini