Pastoralidade (Parte IV)
E a carne? No tríptico apontado pelo Catecismo de Trento, “carne” não tem o sentido de “corpo” ou “natureza animal” do homem, e muito menos o sentido de sexo. O tridentino inspirou-se na famosa dialética paulina. Como ensinam Santo Tomás (ST, Ia IIae q. 72, a. 2. ad primum) e Santo Agostinho (Cidade de Deus, XIV, II e III), o termo carne que São Paulo contrapõe a espírito, não designa a substância corpórea, mas o homem todo, ou melhor, a atitude espiritual do homem todo “que pretende viver segundo seu próprio alvitre” ou que “pretende ser a sua própria lei!” Esta soberba pretensão de vivere secundum seipsum vem do amor próprio, ferida do pecado original.
E é nessa ferida do eu que o homem recebe as seduções do mundo belo e agradável, ou as seduções mais agressivas e venenosas das anti-Igrejas, ou do mundo inimigo; e é também essa ferida do amor próprio que acolhe as seduções do Demônio.
Precisamos mobilizar todos os dons de Deus para combater os inimigos de Deus, mas podemos dizer que a cada um dos três corresponde, de modo especial, uma das virtudes teologais. Assim diremos:
Do Demônio nos defenderemos como o escudo da Fé; das seduções ou agressões do mundo nos defendemos com a santa Esperança voltada para Deus e para o céu; e das fraquezas e malícias do amor-próprio nos defenderemos com fortes atos de Caridade firmados em insistentes atos de humildade.
Gustavo Corção(Permanência)
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