terça-feira, abril 17, 2007

A (minha) Verdade...

Dia a dia, durante as poucas discussões teológicas ou filosóficas que travo, ao não ter mais argumentos, ou por não ter argumentos, é comum alguém repetir algumas asneiras como:

  • Eu tenho a minha verdade, você tem a sua;
  • Cada um tem a sua verdade;
  • A verdade é relativa;
  • Eu acho que é assim;
  • A verdade depende do ponto de vista;

Então vamos a ela, a VERDADE.

Nosso conceito de verdade vem de 3 origens: do grego "aletheia", significando: não-oculto, não-escondido, não-dissimulado. O verdadeiro é o que se manifesta (se dá a conhecer) aos olhos do corpo e do espírito (razão); a verdade é a manifestação daquilo que é ou existe tal como é. O verdadeiro se opõe ao falso, pseudos, que é o encoberto, o escondido, o dissimulado, o que parece ser e não é como parece. O verdadeiro é o evidente ou o plenamente visível para a razão; do latim "veritas" que se refere à precisão, ao rigor e à exatidão de um relato, no qual se diz com detalhes, pormenores e fidelidade o que aconteceu. Verdadeiro se refere, portanto, à linguagem enquanto narrativa de fatos acontecidos, refere-se a enunciados que dizem fielmente as coisas tais como foram ou aconteceram. Um relato é veraz ou dotado de veracidade quando a linguagem enuncia os fatos reais; do hebraico "emunah" que significa confiança. Agora são as pessoas e é Deus quem são verdadeiros. Um Deus verdadeiro ou um amigo verdadeiro são aqueles que cumprem o que prometem, são fiéis à palavra dada ou a um pacto feito; enfim, não traem a confiança.

Aletheia se refere ao que as coisas são; veritas se refere aos fatos que foram; emunah se refere às ações e as coisas que serão. A nossa concepção da verdade é uma síntese dessas três fontes e por isso se refere às coisas presentes (como na aletheia), aos fatos passados (como na veritas) e às coisas futuras (como na emunah). Também se refere à própria realidade (como na aletheia), à linguagem (como na veritas) e à confiança-esperança (como na emunah).[1]

Num debate discute-se(através da linguagem) idéias, e conceitos, nestes a mais simples definição de verdade é :Verdade é a perfeita conformidade entre a idéia de um ente e este ente, ou seja Verdade é a conformidade do conhecimento com o real.[2]

A verdade é universal - não importa o lugar ou a época, 2+2 = 4 e não muda ainda que a maioria venha a dizer que é 5.
A verdade é objetiva - não depende do sujeito que conhece(tem a idéia) e sim do objeto conhecido.
A verdade é uma só - não podemos ter duas "representações exatas de um ente" diferentes entre si.

A verdade não depende do que eu acho, ou do que você acha, ou do que a maioria acha; se eu, você, ou mesmo a maioria absoluta, acharmos que o sol é frio, ele não vai dar pelotas, não vai comprar um cachecol, e vai continuar sendo o que é.

Quem desenvolve uma idéia que não condiz com a realidade é louco. E eu já começo "achar" que vivo em um hospício amplo e liberal.

É possível que cada um tenha a sua opinião, mas opinião é uma idéia não fundamentada, ou seja é uma idéia que alguém forma, sem conhecimento real do objeto, opinião é o ACHO e não a VERDADE.

O que eu ACHO não vale nada, o que você ACHA não vale nada, e o que a maioria ACHA não vale nada, vale o que é, vale a verdade.

Alguém tem outra?

[1] Convite a Filosofia - Marilena Chaui - Un. 3 Cap. 3
[2] Dic Michaelis - Versão Eletrônica - "Verdade"

9 comentários:

Anônimo disse...

Este «post» é muito problemático. A simples enunciação da tripla origem da verdade poderia ajudar a perceber que a noção de verdade como «conformidade do conhecimento com o real» é insustentável filosoficamente. A noção bíblica de verdade não é propriamente a da correspondência.

Diz o «post»: «Quem desenvolve uma idéia que não condiz com a realidade é louco». Ora bem, aplique esta afirmação à Igreja do tempo de Galileu e conte quantos loucos encontra... Todos quantos defenderam o sistema geocêntrico eram loucos? Vamos averiguar mais exemplos na História?

Alef

Elias, O Profeta disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Elias, O Profeta disse...

Muito interessante o seu blog, por promover uma visão filosófica e teológica da verdade. Verdade essa que deve ser discutida de forma racional.
Em questões históricas que o nosso caro amigo disse influenciar na veracidade do tema discutido, acho que falta um pouco de discernimento em não julgar sociedades antigas e pensamentos antigos pelo que nós pensamos hoje. Isso não é racional pois o conhecimento humano que se tinha na época não poderia chegar a conclusões que temos hoje. Em história nos não podemos atribuir uma forma de pensar e agir, por mais que nossas opiniões sejam contrárias, influencie nos estudos e na verificação dos fatos.
Divulgarei seu blog!

Apologeta disse...

Alef,

Onde você encontrou esta insustentabilidade filosófica da "verdade como conhecimento do real"? E onde a noção bíblica não a corresponde?

Você está fazendo uma interpretação rasa, aprofunde mais seus argumentos e vamos ver a que "noções e conceitos" resistitá a análise.

Anônimo disse...

Alessandro:

Não mudemos os termos arbitrariamente. Eu disse que é problemática e insustentável filosoficamente a noção de verdade como «conformidade do conhecimento com o real» e agora o Alessandro muda para «conhecimento do real». Não são exactamente a mesma coisa. Na primeira noção está a ideia de representação; na segunda, poderá estar ou não. A verdade em sentido bíblico não é propriamente a verdade como correspondência. Escrevi há pouco algo sobre isto no num comentário do «De Rerum Natura», bem como no Fórum Paroquias.org.

Alef

Elsa Sequeira disse...

Olá!
Passei por cá!
Gostava de te convidar para o blog:
http//oamordedeus.blogspot.com
envia-me o teu email para -nyny.sek@gmail.com

Tudo de bom!
:)

Anônimo disse...

Olá...
Concordo que devemos procurar a verdade, mas o problema está em que nenhum ser humano vê a verdade total...daí que a passagem à tolerância, a passagem a compreender como é pequena a nossa compreensão... apenas uma pequena parte...seja uma consciencialização necessária. Sem isso, se pensamos que nós temos a verdade, fazemos mal, como na Inquisição.
Se nos tornamos conscientes, e procuramos a verdade absoluta de que fala, então bloqueamo-nos continuamente, sem conseguir dar um passo, por não conseguirmos ainda saber qual é a verdade.
A verdade vai mudando para nós à medida que a nossa capacidade de visão e entendimento se desenvolve. E à medida que Deus a dá...
É a Multiplicidade da Unidade.

«Quem desenvolve uma idéia que não condiz com a realidade é louco».


Qual é a realidade de que está a falar?

JSF disse...

Caros do Blog Apologética,

Parabéns pelo Blog. Ótima postagem. Queria pedir autorização para usá-lo no blog Grupo de Estudo Veritas (http://grupoveritas.blogspot.com/), no qual participo.

Júnio
Pax Christi.

Apologeta disse...

Alef,

Antes de mais nada a definição "verdade como conhecimento do real" não é minha, é do Dic. Michaelis. Então ajusto os termos da pergunta. Onde você encontrou a "problemática e insustentável filosoficamente noção de verdade como «conformidade do conhecimento com o real»".

Você diz: "A verdade em sentido bíblico não é propriamente a verdade como correspondência", Mas não diz qual é?

Como disse antes, convido-o a aprofundar os argumentos e ver onde chegamos!